Djonga fala de pandemia: 'Se a gente não mudar depois disso, não muda mais'
Assim como foram nos últimos quatro anos, o rapper Djonga lançou um novo álbum, "História da Minha Área", na mesma data do ano, dia 13 de março. Longe do palco por causa da pandemia do novo coronavírus, ele contou sobre o novo trabalho e também falou sobre o momento em que o mundo está enfrentando.
"O lance é contar a minha história, e acho que a minha história se confunde com a história de várias pessoas no Brasil. Tem momentos bem tensos no álbum, falando de coisas que são difícil de relembrar, é difícil acessar para ter que falar, e também tem momentos bem leves... E acho que a quebrada é isso: é tensão e cultura à flor da pele, alegria. Enfim, História da Minha Área é contar a trajetória de um jovem preto, para chegar onde ele chegou, tendo noção que essa é a trajetória de vários jovens negros no Brasil", disse o rapper em entrevista para a revista GQ.
Sem poder fazer shows pelo Brasil para divulgar o novo trabalho, o cantor tem usado o tempo livre para descansar. "Eu estava produzindo muito até agora. Estou feliz de poder descansar, mas triste que é por um motivo desse, né? Estou ansioso pra voltar pro palco, eu já tinha tirado umas férias para terminar de produzir o disco, então já tem um tempo que eu estou longe dos palcos [...] mas talvez vai ser um momento importante também e acho que não só para mim, mas para o mundo todo".
Sobre o momento de isolamento social que a população de vários países está enfrentando, Djonga analisa: "Se a gente não mudar depois disso daí, a gente não muda depois de mais nada".
Além disso, o músico falou sobre sua luta contra o racismo por meio de suas músicas. "Eu acho que o lance do meu trabalho em relação ao combate ao racismo é uma coisa bem orgânica, ele acontece sabe? Quando eu canto sobre a minha realidade, quando eu canto que mesmo depois de diversas conquistas que tive, eu continuo sendo tratado do mesmo jeito pelas forças policiais, pelas forças do Estado, ou quando eu entro em um restaurante e as pessoas continuam me olhando do mesmo jeito, ou quando eu falo pro menor que pra ele vai ser umas 10 ou até 100 vezes mais difícil pra chegar em qualquer lugar... Quando eu troco essa ideia com meu público, quando eu falo sobre isso, eu já estou participando efetivamente no combate ao racismo".
Ele ainda completou: "Não só quando eu digo exatamente com palavras, igual 'Fogo nos Racistas' ou quando eu digo coisas como 'eu acho engraçado um racista baleado', não só quando eu digo assim diretamente, mas quando eu falo sobre trajetória, sobre como vive um preto no Brasil e um jovem negro ouve e pensa o que fazer diante disso para continuar vivo, para continuar forte… Acho que já estou combatendo o racismo. Estando onde estou, e tendo, por exemplo, uma condição até financeira para ajudar algumas famílias, eu já estou combatendo o racismo, quando eu pago o salário de diversos amigos que muitas vezes vem de uma realidade complicada, eu estou ajudando a combater o racismo".
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