Os dramas da família Byrde nunca foram tão intensos quanto na terceira temporada de "Ozark", que estreia hoje na Netflix. Com o contador Marty (Jason Bateman) e sua mulher, Wendy (Laura Linney), se afundando cada vez mais em suas relações com o crime organizado, os riscos ficam cada vez maiores, o que dá um novo senso de urgência à série e torna sua história ainda mais interessante.
Os novos episódios (são dez, ao todo) começam com o casal à frente do cassino Missouri Belle, que usam para lavar o dinheiro de Navarro, chefe de um cartel mexicanos. Mas há complicações: Marty tem medo de seguir com as operações ilegais; o FBI está na cola da família; e Navarro está envolvido em uma sangrenta guerra que pode, muito bem, respingar em seus associados.
Esse cenário deixa ainda mais tenso o relacionamento de Marty e Wendy. Eles têm ideias fundamentalmente opostas de como seguir em frente, o que resulta em embates nem sempre diretos, que são deliciosos de se assistir.
Mas é Wendy a grande força da temporada, amplificada por uma atuação impecável de Laura Linney. Ela dita os rumos dos negócios da família e se transforma aos poucos em uma executiva implacável, capaz de fazer o inimaginável para conseguir o que quer. Não à toa, seu irmão Ben (Tom Pelphrey, recém chegado à trama) chega a dizer que, pela primeira vez em anos, consegue ver a real Wendy.
Em um twist em relação ao que costuma ser regra no gênero, "Ozark" dá grande destaque a suas personagens femininas. Wendy está bem acompanhada por Ruth (Julia Garner, vencedora do Emmy), que continua a ser uma das melhores personagens da série enquanto gerencia o cassino com olhos afiados e seu jeito desbocado; e também por Helen (Janet McTeer), advogada de Navarro e uma presença constantemente ameaçadora em cena.
Há personagens, no entanto, que nunca dizem exatamente a que vieram, caso de Ben e da filha de Helen. O tempo gasto com eles poderia, facilmente, ter sido cortado da série, deixando a trama mais ágil e com menos ritmo arrastado.
Ainda assim, "Ozark" segue como um estudo de personagens fascinante —e prova que consegue ficar cada vez melhor com o tempo.
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