Emicida desabafa sobre racismo e fala sobre planos para 2020
Aos 34 anos, Emicida parece ter encontrado o equilíbrio entre as áreas da sua vida. Em entrevista à GQ, o rapper falou sobre racismo, música, estereótipo, ascensão, afeto e as mudanças que passou nos últimos anos.
Desde o início de sua carreira, nas disputas de rimas na periferia de São Paulo, Emicida passava a imagem de um homem sério, mas hoje ele explica os motivos da "cara fechada".
"Muito do radicalismo, da raiva, do ódio que é atribuído a mim não é da minha personalidade, é da forma como o Brasil lê uma pessoa com a minha cor, sacou?", considerou o artista.
"Várias vezes dormi na calçada do Magazine Luiza, na volta da parada [um estágio em uma agência de publicidade]. Acho que a serenidade, a calma, é a primeira coisa que roubam de você. A partir do momento em que roubam isso, você não tem tempo para pensar em mais nada. Quando gravei minha primeira mixtape, segurava minha barriga porque tinha medo de sair o ronco [de fome] no microfone", contou o rapper na sequência.
E apesar dos estereótipos, Emicida vive sua fase mais tranquila e tem mais planos para 2020. "AmarElo (parte 1)", último álbum do artista, foi lançado em 2019, e a segunda parte da produção chegará em breve.
"Penso muito como se fosse um Yin Yang. A gente acabou de ver a primeira parte, que é a mais clara dele. Tem uma segunda, que seria a parte escura do Yin Yang. Elas duas se encaixam, porque nós também não somos só o sonho", contou o rapper.
Casado com Marina Santa Helena e pai de duas meninas, Estela e Teresa, Emicida diz que as plantas o ajudaram a mudar a rotina e viver esse momento mais sereno. Hoje, um dos maiores rappers brasileiros vive com a família em Mairiporã, na Grande São Paulo, onde pode ter sua própria horta.
"Nossa vitória não é ser bilionário, é ser humano. A gente não tá atrás de dinheiro, a gente tá atrás de humanidade", concluiu.
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