MC Robs detalha noite de massacre em Paraisópolis: "Às 3h, fecharam tudo"
MC Robs, que frequenta o baile da DZ7 em Paraisópolis, em São Paulo, há cinco anos e estava na noite em que ocorreu o massacre no qual nove jovens entre 14 e 23 anos morreram no último dia 1°, contou no Conversa com Bial como foram os momentos de tensão que vivenciou quando policiais invadiram a festa.
"Aquele dia já estava um pouco estranho, na rua haviam muitos policiais, muitos mesmo. Cheguei por volta das 2h. Às 3h, fecharam tudo, tacaram bombas, garrafas, agressões, muita gente caída, desmaiada, gritando socorro", recordou ele, que disse o que fez para se esconder:
"Tinha um esconderijozinho no fundo de um estacionamento, fiquei uns 40 minutos. Um cheiro muito ruim, não sei se por causa das bombas. Um desespero enorme. Se eu saísse, estaria com medo de morrer".
Ele explicou por que se refugiou ao invés de correr. "Não entrei nos becos, a gente sabe que nessa situação correr no beco é pior. O pessoal que apareceu [nas imagens] não conhecia muito o baile. Pisoteamento aconteceu também, mas as imagens falam por si só tudo que rolou".
Robs, que compôs uma música em homenagem às vítimas, reclama das pessoas que não se solidarizam com a tragédia. "As pessoas não se colocam no lugar, não pensam: 'e se fosse um familiar meu ali, que trabalhou a semana inteira e só quer se divertir?'. Elas não têm empatia com isso".
Atualmente, há em curso dois inquéritos: um da Polícia Civil e outro da Corregedoria da PM. Na Polícia Civil, o caso é investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Já a Corregedoria apura por que os 31 PMs envolvidos na ocorrência fecharam os locais de fuga dos jovens e investiga se houve culpabilidade dos policiais militares.
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