Como Kaysar entrou para o filme Carcereiros e conquistou coração do elenco
Resumo da notícia
- Mesmo sem nenhuma experiência, ex-BBB conseguiu papel no longa
- O refugiado sírio, que se mudou para o Brasil em 2014, conta que enfrentou algumas dificuldade no set
- Ainda assim, foi muito elogiado pelo elenco e pelo diretor; seu desempenho foi comparado ao de um veterano
- O bom trabalho rendeu outras oportunidades Kaysar, como o papel na novela Órfãos da Terra, da Globo
Quem vê Kaysar interpretando o perigoso terrorista de Carcereiros, filme inspirado na série da Globo que estreia hoje nos cinemas, dificilmente imagina que ali está um "não ator" em seu primeiro trabalho frente às câmeras.
A desenvoltura do ex-BBB na pele do assassino que é transferido para a penitenciária do filme, dando estopim a uma rebelião, foi tamanha que elenco, produção e o diretor José Belmonte (Se Nada Mais Der Certo e Alemão) confessam surpresa com o desempenho, comparado por eles ao de um veterano.
Mas nem tudo foram flores para o refugiado sírio que se mudou para o Brasil em 2014, após sofrer perseguição religiosa na Ucrânia. No set, houve muito tiro, porrada e bomba, ainda que de mentira, fora a tensão e a dificuldade de encontrar lugar nas cenas.
"No início, sofri com as marcações do set e para saber onde estava a câmera. Mas, depois, com a ajuda e a generosidade de todos, fui pegando o jeito. Sou muito grato ao Rodrigo [Lombardi], ao Jackson [Antunes] e ao Belmonte, que me acolheram e ajudaram", diz ao UOL o ex-brother, que nunca havia tido aulas ou qualquer noção profissional de atuação antes do longa.
"Quando eu entrava na sala do presídio, o clima era pesado. Pesado até demais. O Rodrigo estava transtornado, para entrar no clima da cena. Na hora de ir embora, eu ficava muito pensativo. Imaginando como está a situação precária dos presídios, com 30, 40 pessoas dentro da cela. Porque a gente tinha 30, 40 figurantes no set."
Outro imprevisto, que deixou Kaysar ainda mais inseguro: ele chegou atrasado no primeiro dia de filmagens. "Quando cheguei, todos já estavam fazendo a leitura do roteiro. Mas aí o Jackson logo veio me abraçar, dizendo que estava tudo bem. Depois, veio o Rodrigo. Eu não sabia por onde começar. Atores tão grandes ao meu lado. Quem sou eu? Até agora nada. Estou aprendendo."
Como ele entrou no filme
Kaysar entrou para o time de Carcereiros por meio de teste de elenco. Com o roteiro em mãos, Belmonte havia imaginado alguém de ascendência árabe no papel de terrorista. A produção chegou a procurar a comunidade árabe de São Paulo, mas todas as dúvidas morreram quando o vídeo de Kayrsar chegou à cúpula do filme.
"Na época, eu não estava acompanhando o BBB, não sabia quem ele era. Só soube depois. Quando vi o teste, tomei um susto. Quem era aquela pessoa? O Kaysar é muito intuitivo. Tem o dom para atuar. Ele poderia ter sido ator desde cedo, caso tivesse outra história. É impressionante", argumenta José Belmonte.
"O mais difícil, na verdade, nem foram as marcações, mas explicar para ele foi como funcionava o processo de filmagem, porque ele chegou sem saber absolutamente nada. Não sabia o que era um plano, que a gente roda uma cena e depois repete várias vezes até chegar na ideal. Mas, no fim, nada disso foi problema."
A marca de Kaysar
Apesar da inexperiência e de o personagem Abdel Mussa ser pequeno no filme, embora importante para o roteiro, Kaysar tentou imprimir seu jeito a ele. Uma das formas foi utilizar o idioma árabe, um dos vários que domina, quando é acuado por carcereiros em uma das cenas.
"Quando me chamam de terrorista, eu falo o seguinte: 'Só porque sou árabe você me chama de terrorista? E você, que é um porco, um matador, não é terrorista?' Queria dizer algo que realmente penso. Que cada pessoa, em qualquer assunto, quando vira radical, se transforma automaticamente em terrorista, o que não é verdade."
Ex-BBB deixou de ser rótulo
Após a experiência do filme, Kaysar entrou para o elenco da novela Órfãos da Terra e ganhou contrato com a TV Globo. Recebeu reconhecimento e uma indicação ao prêmio melhores do ano. Ele, ex-garçom e animador de festas infantis, diz que virar ator era um sonho de criança, que agora está conseguindo concretizar, desvencilhando-se do rótulo de ex-BBB. Os colegas concordam.
"O Kaysar foi uma grata surpresa. Foi o primeiro trabalho dele como ator. Tinha acabado de sair do reality e veio com uma vontade de aprender muito grande, era tocante. Todo o mundo pensa que existe uma inimizade ou um ranço de atores com quem sai de reality shows. Mas isso não existe. Todos nós o recebemos de braços abertos", diz o protagonista, Rodrigo Lombardi.
"Ele fala que se sentiu pequeno naquele set, mas, na verdade, ele era um herói ali. A história de vida que ele trazia podia ser muito maior do que tudo que eu tinha de experiência naquele momento. Nós é que agradecemos por ele estar nesse projeto", acrescenta o ator. Jackson Antunes, que vive um miliciano na história, é da mesma opinião. "O Rodrigo falou uma coisa muito bonita. A arte une, não separa. A arte é divina."
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