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OPINIÃO

Em show solo, Patti Smith prova que é uma mulher de carne, osso e coração

Patti Smith no Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina - Liv Brandão/Colaboração para o UOL
Patti Smith no Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina Imagem: Liv Brandão/Colaboração para o UOL

Liv Brandão

Colaboração para o UOL

16/11/2019 23h29

Na quinta-feira, durante o bate-papo em que falou sobre seus livros, Patti Smith contou que, apesar de não ser religiosa, gosta de visitar templos para sentir a energia das pessoas rezando. Pois energia parecida dominava o Auditório Simón Bolívar, onde a artista americana se apresentou na noite deste sábado, toda vez que ela falava.

Durante o show, apêndice do Popload Festival, o público olhava para a cantora com devoção, como se ela, longos cabelos brancos e o mesmo estilo sóbrio da icônica capa do Horses, fosse uma sacerdotisa, uma aparição divina. Mas Patti é uma mulher de carne, osso e coração. Que sente, pulsa e encanta.

Alternando momentos de empolgação e um silêncio reverente para ouvir as palavras da diva, o público foi brindado com hits como Gloria, Dancing Barefoot e Because the Night, e minutos de sabedoria. "Temos coisas sérias pra lutar, mas precisamos aproveitar os bons momentos", disse a autora de O Ano do Macaco.

"Nunca parem de cantar"

Nos intervalos, Patti aproveitava para contar histórias. Como a da vez em que assistiu a um show do R.E.M. e se encantou com o público cantando. "Pensei que seria muito bom ter pessoas cantando assim nos meus shows". Pois o público de São Paulo atendeu o desejo da cantora e soltou a voz.

Homenagem a Lou Reed

Muito amiga de Lou Reed, morto em 2013, Patti deixou o palco em um momento para deixar sua banda, comandada pelo guitarrista Lenny Kaye, tocar um medley músicas do Velvet Underground: Rock'n'Roll, Waiting For My Man e White Light/White Heat foram as escolhidas.

Usem sua voz

Como no show do Popload Festival, Patti clamou o público a usar a própria voz. Ela mesma não perde a oportunidade de fazer o mesmo. Defendeu os povos indígenas, criticou a política dos EUA e do Brasil e pediu para todos mantermos a fé: "Mantenha a fé que ela vai te manter". Durante 1h30, deu até para acreditar num mundo melhor.