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Crochê de Seu Jorge, churrasco e apoio de presos: como foi filmar Irmandade

Lee Taylor, Naruna Costa, Seu Jorge e Hermila Guedes nos bastidores de Irmandade, nova série da Netflix Imagem: Aline Arruda/Netflix

Renata Nogueira

Do UOL, em São Paulo

28/10/2019 04h00

Dois anos de trabalho, 85 dias de filmagem, 280 pessoas envolvidas, 40 locações e 1.500 figurantes. Não são só os números que chamam atenção para Irmandade. Filmada em uma ala vazia de um presídio ativo, a série que estreou sexta-feira na Netflix tem histórias curiosas do antes, durante e depois da produção.

O diretor Pedro Morelli e o elenco, que traz o ator e cantor Seu Jorge entre suas estrelas, contaram como foi pensar na história do nascimento de uma facção criminosa e ao mesmo tempo conviver em um ambiente real de clausura enquanto tiravam uma história de ficção do papel.

De churrascão com os figurantes à ajudinha de Mano Brown, veja algumas curiosidades sobre a nova série:

Não é o PCC

Embora assim que o trailer foi divulgado muita gente tenha automaticamente associado a história do nascimento de Irmandade à do Primeiro Comando da Capital, o diretor Pedro Morelli conta que - apesar de a trama se passar em São Paulo e no mesmo período em que o PCC foi criado, os anos 90 - a Irmandade é apenas uma história de ficção.

"A gente fez uma vasta pesquisa sobre o universo das facções criminosas brasileiras e não se inspirou em nenhum caso real, personagem ou pessoa que existiu de verdade. A facção não é inspirada em nenhuma facção específica. A gente misturou várias facções, pegamos o conceito e tentamos aplicar de forma fictícia", esclarece.

Ajudinha de Brown

Na pele do líder da Irmandade, Seu Jorge teve que deixar de lado a marra carioca e abraçar o ritmo paulistano para compor o personagem. Para isso, contou com uma ajuda de peso: seus amigos do Racionais MC's, que também estão na trilha sonora da série.

"Compor o Edson não foi uma coisa fácil, pois tem toda uma questão da linguagem. Da época, eles viviam dentro do sistema carcerário e em São Paulo. Tive a ajuda de alguns amigos como o Mano Brown, o Edi Rock. Os caras davam um toque: 'Mano, os maluco não fala assim não. Tem que ficar ligado'. Foi bem intenso. Mas tinha muita vontade de fazer e não vejo a hora de fazer tudo de novo."

Crochê e churrasco

A protagonista Naruna Costa, que interpreta Cristina, a irmã de Edson que se infiltra na Irmandade, revela um traço interessante de seu companheiro de trabalho. Nos intervalos, Seu Jorge praticava um hobby curioso. No primeiro dia que o Seu Jorge veio para o ensaio, eu abri a porta e me deparei com ele fazendo crochê no canto da sala. Pensei 'nossa, é o Seu Jorge' e ele lá de boa fazendo um crochêzinho...", conta a atriz.

Outro momento de descontração durante as gravações rolou com a figuração, conta Seu Jorge. "A gente conseguiu fazer uma coisa rara de se fazer. A gente fez um churrasco com a figuração. Foi incrível porque isso nunca rola. Figuração é figuração. Mas a galera estava muito cuidada e tinha uma coisa muito forte ali. Estava todo mundo ligado com a mensagem que estava deixando."

Presídio ativo

(ATENÇÃO: Os parágrafos abaixo contêm spoilers de Irmandade. Não leia se não quiser saber o que acontece)

Uma ala desativada da Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, serviu de cenário para as cenas que se passam dentro do presídio em que nasce a facção Irmandade. Inclusive a mais emblemática, da rebelião que encerra a série.

Apesar de a área estar desocupada, elenco e equipe tinham de seguir as regras da penitenciária, com controle de acessos e horários. Os presos das alas vizinhas, inclusive, conseguiram acompanhar parte das gravações, como relata o protagonista Seu Jorge.

"Ali eu compreendi como é maravilhoso é a liberdade. Uma das cenas mais especiais foi a que fizemos no teto com as armas todas e nas celas do outro lado os caras estavam assistindo e gritando 'representa nós'. Ali você vê que não é brincadeira. Isso interfere. Joga pra cima e também nos intimida", diz o ator e cantor.

Seu Jorge ainda fala de empatia e das lições que carregou com ele após ter contato com os presos. "Tinha um cara lá de 25 anos de idade que ia cumprir mais dez. Da minha idade [49] e da minha cor de 400 presos só tinham 3. Não dá nem tempo do cara chegar na cadeia. É uma parada que te dá uma pancada. Foi um aprendizado muito grande. Mas saí de lá me sentindo mais livre."

Seu Jorge e Naruna Costa falam sobre Irmandade

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