10 shows incríveis do Rock in Rio 2019 que jamais vamos esquecer
Nem todo show do Rock in Rio, que encerrou ontem sua maior edição, vale a pena ver de novo. Mas os dez que separamos abaixo, da edição 2019, de vários estilos e realizados em palcos diferentes, muito provavelmente fãs —e não fãs— jamais vão esquecer.
Drake (27/9) - Arrebatou os millennials
A primeira vez no Brasil de um artista que vive simultaneamente os auges criativo e de popularidade ninguém esquece. Drake fez um baita show. Superou a chuva, as vaias pelo atraso, lembrou a Amazônia e arrebatou os millennials de segunda leva com quase todos os seus hits, ainda que entregues em versões enxutas. Também afirmou que este foi o melhor show da carreira, além de ter tretado com a Rede Globo e levado desconforto à organização do Rock in Rio, trazendo uma comitiva de mais cem pessoas e dispensando a comida oferecida pelo festival. Pacote completo.
Anitta (5/10) - Vencendo na vida
Como dizem os cariocas, Anitta esculachou no Rock in Rio. Esnobada pela organização há dois anos, a cantora fez hoje sua estreia no festival realizado no Brasil e chamou os holofotes para si, esvaziando os demais ambientes da Cidade do Rock enquanto se apresentava. Aliás, foi difícil sair do show de Anitta, que durou uma hora, contou com paredão de alto-falantes no palco, inspirado no Furacão 2000, e abriu e fechou homenageando a história do funk carioca, berço musical da cantora. O Rock in Rio lotou e parou para ver Anitta. Enquanto esteve no palco, todas as outras atrações do festival ficaram às moscas. Venceu na vida.
Raimundos + CPM 22 (28/9) - Dobradinha perfeita
Muita gente torce o nariz para a encarnação atual dos Raimundos, sem a presença do vocalista Rodolfo, que se converteu ao evangelho e mudou de vida. Mas a combinação com integrantes do CPM 22, no palco principal do Rock in Rio, deu muito caldo. O guitarrista e vocalista Digão dividiu no microfone com Badauí, com cada banda emendando um sucesso alternadamente. O som estava perfeito, o público, aquecido, e o show cresceu em energia e pegada hardcore melódica. A multidão cantou todas as músicas junto.
Roda de Samba A Festa da Raça com Nelson Sargento (3/10) - Homenagem e recorde
O polêmico Espaço Favela se mostrou uma agradável surpresa ao longo do Rock in Rio, seja pelos números do coletivo Voz do Morro ou pelas várias atrações alternativas que se apresentaram. Mas um show, em especial, emocionou mais. O grupo A Festa da Raça prestou uma grande homenagem ao samba e a seus compositores e durante quatro músicas teve a honra de dividir o palco com a lenda Nelson Sargento, que, ao lado do violonista Paulão Sete Cordas, cantou músicas próprias (Agoniza mas Não Morre e Falso Amor Sincero) e de Cartola (Disfarça e Chora e O Sol Nascerá). O melhor samba do Rock in Rio.
Pink (5/10) - Clima circense arrebatou a Cidade do Rock
O que foi o show da cantora americana que estreou no Brasil depois de quase 20 anos de carreira? Ela montou um impressionante espetáculo teatral, uma espécie de mix de Broadway com circos da China e Du Soleil. Chegou pendurada em um lustre, fazendo acrobacias no ar. Depois, apresentou seus maiores hits, deixou um fã pedir o namorado em casamento e deu o recado contra o preconceito. Por fim, preparou um grandioso grand finale, em que "voou" e girou a dez metros de altura, presa a um sistema cabos, sobre quase toda a plateia do Rock in Rio. Espetacular.
Iron Maiden (4/10) - Alegoria do metal invadiu o Rio
Imagine um show de metal dirigido pelo carnavalesco Paulo Barros, em todo seu esplendor e inovação. Foi mais ou menos isso que o Rock in Rio viu durante a apresentação do Iron Maiden, em sua turnê Legacy of the Beast. Destaque para as alegorias "nota dez", inspiradas nos clássicos. Em Aces High, um caça Spitfire da Segunda Guerra surgiu. Em Flight of the Icarus, Bruce Dickinson apareceu com um lança-chamas real. Em Iron Maiden, uma imensa cabeça demoníaca do mascote Eddie "infernizou" a cena. Lavou alma dos fãs.
Elza Soares (29/9) - Protesto e elegância
No palco Sunset, Elza, 82, gritou contra o machismo e as escolhas erradas dos eleitores brasileiros. Mas este foi muito mais do que um show de verve política. As convidadas e convidado fizeram a diferença: As Bahias e a Cozinha Mineira, Kell Smith, Jéssica Ellen e o rapper Edgar. A sonoridade da banda, misturando rock, eletrônico, soul, afrobeat e diversos outros gêneros de matriz negra com elegância, funcionou diante diante de uma grande plateia, que dançou e protestou. A volta de Elza ao Rock in Rio impressionou.
Foo Fighters (28/9) - Infalível
O show do Foo Fighters tem um roteiro previsível. Hits, Dave Ghrol gritando empolgadão chamando a plateia, outros hits, Dave Ghrol felizão convidando um fã para pedir a namorada em casamento, mais hits e Dave Ghrol ligadão se dizendo apaixonado pelos brasileiros. O problema (ou solução) é a que fórmula é certeira por aqui. Energético, o show foi um dos que mais levantou o Parque Olímpico, criando ondas de alegria e pula-pula, com fãs entoando todas as letras como se não houvesse amanhã —nem mais Foo Fighters.
Heavy Baile (27/9) - Rio de Janeiro puro
Reunindo a poetisa, a mamãe e o rei da putaria, o Heavy Baile fez definitivamente o show mais pesado do Rock in Rio, no sentindo "proibidão" da coisa. Convidadas do coletivo, as funkeiras MC Carol e Tati Quebra Barraco botaram a cereja no bolo de Tchellinho, MC que comanda os vocais do grupo, que tem músicas como Maconha e Pente e Grelinho de Diamante. Mesmo competindo Bebe Rexha no palco Mundo, o baile tomou conta do Espaço Favela e colocou muita gente pra suar embaixo de chuva. A cara do Rio de Janeiro.
King Crimson (6/10) - Ponto fora da curva
A banda do guitarrista Robert Fripp, para alguns "cabeçuda", tem a ver com um festival tão midiático e comercial como o Rock in Rio? É uma pergunta capciosa, mas, pelo fato de o evento estar se ampliando e este ser apenas o segundo show grupo no Brasil -a estreia foi na última sexta, em São Paulo—, ela se torna desnecessária. O grupo, que baniu os telefones celulares na capital paulista, se viu cercado dele no Rio, mas mesmo assim entregou um show inesquecível. Rock progressivo, experimental, virtuosismo com pitada de new wave sempre a diferença.
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