Rock in Rio: Como é o palco "indie e secreto" que tem artistas acessíveis
Existe um espaço "secreto" no Rock in Rio, dedicado a banda e artistas iniciantes, que dificilmente teriam outra chance de tocar no festival. Mas ele é pouco divulgado e nem aparece em boa parte dos mapas distribuídos no festival. Batizado de palco Supernova, a estrutura está montada bem na entrada da Cidade do Rock, em uma área elevada cujo acesso é feito por rampas, e os shows vêm despertando a curiosidade em quem passa por ali.
Iniciativa da Filtr, plataforma de entretenimento da Sony Music, o local tem espaço para receber cerca de 3.000 pessoas, e a circulação é intensa durante tarde e noite de festival. No meio dos shows, é fácil cruzar com músicos e bater um papo com eles na fila do bar. Os camarins também são acessíveis, e qualquer um pode conhecê-los, desde que seja convidado pela banda.
O clima é de festival independente, com plateia cantando junto e intensa interação com a banda no palco. Na programação, que casa com o estilo de cada dia no Rock in Rio, estão atrações nacionais como Oriente, Lagum, Mariana Nolasco, Ana Gabriela, Vivendo do Ócio, Gabriel Elias e Armored Dawn. Ao todo, 35 artistas se apresentarão em em sete dias.
É uma espécie festival paralelo acontecendo dentro do Rock in Rio.
Como é para quem assiste
Além de curtir a música e tirar fotos no mirante ao lado de quatro lunetas —a vista é uma das melhores do Parque Olímpico—, o público do Supernova, em geral mais jovem que a média do evento, pode ainda montar playlists em um aplicativo para serem executadas nos alto-falantes nos intervalos das apresentações. Também dá para gritar e pedir músicas para os artistas, e não raramente eles atendem.
O UOL circulou pelo local e conversou com várias pessoas da plateia. Todos estavam ali por causa das bandas. A maioria elogiou a ideia e estrutura do palco, embora alguns tenham dito que a sinalização pode melhorar. Para quem entra no festival, e o palco passa batido, fica difícil voltar e lembrar que ele existe em meio a tantos outros com música ao vivo.
"Acho que, quando a gente paga o ingresso de festival, a gente não vem só para ver as bandas mais conhecidas. Também viemos para conhecer coisas novas, que nos surpreendam. Essa é a melhor parte de ter algo assim", disse ao UOL a publicitária Bruna Simião, 27 anos, que passou ontem pelo Supernova para ver os grupos Bula (do ex-Charlie Brown Marcão Brito) e Braza.
O estudante Henrique Coutinho, 32, fã do grupo Menores Atos, tem a mesma opinião. "Existem bandas que tem um certo tamanho, que são importantes dentro das cenas, mas não tem tamanho suficiente para tocar em festivais grandes, com estrutura de primeiro nível. Por isso acho demais eles abrirem esse espaço. É democrático."
Como é para quem toca
Segundo a produção, 30% das atrações escaladas no Supernova tem contrato com a Sony Music, mas a prioridade é levar artistas independentes para o público e manter o projeto em edições futuras do Rock in Rio e outros festivais. A reportagem visitou os camarins do local, que seguem o padrão do evento, por questão de espaço, ficam a cerca de 30 metros do local de shows.
As salas são separadas individualmente por artista, há buffet sendo servido e um relógio digital sobre a mesa marcando data, temperatura e horário, para evitar atrasos, nada muito diferente do encontrado nos bastidores de palcos como Sunset e Favela.
"Acho que o que existe aqui é um mix muito bom, que juntou o mainstream do Rock in Rio com a música independente. Também é uma forma de abrir portas. Não sei dizer ao certo quais, mas deve acontecer para muitos", opinou Junim, baterista da banda brasiliense Lupa, que se apresentou ontem no Supernova, logo após o show.
"Temos quatro anos de estrada, fazendo música autoral. E nunca imaginamos que um dia estaríamos aqui, tocando no dia do Red Hot, uma grande influência. Tomamos remédio antes do show, por causa ansiedade, choramos muito quando tocamos. É uma sensação indescritível", completou o vocalista Múcio.
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