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Teve beijo em fã, Always e muitos hits: O show carismático de Bon Jovi no Rock in Rio

Leonardo Rodrigues

Do UOL, no Rio

30/09/2019 02h34

Das últimas quatro edições do Rock in Rio —2019 incluída—, três foram abrilhantadas pelos cabelos dourados e depois grisalhos de Jon Bon Jovi, o líder do Bon Jovi —sim, são coisas diferentes. Tanta assiduidade leva à pergunta: o cantor que se recusa a virar tiozão, e que até pouco tempo atrás pouco vinha ao Brasil, virou o típico "arroz da festa" dos Medinas no festival?

A resposta é um grande "sim". E o complemento, um sonoro "pouco importa". Sem o guitarrista original e coração da banda, Richie Sambora, o Bon Jovi deu uma aula de como ser entertainer e de como conduzir um show de hard rock, entregou os hits que se esperava e, mesmo não contando mais com a explosão de energia de décadas passadas, foi competente e carismático.

Gente fina

Diferente de outros headliners e atrações do Rock in Rio, Bon Jovi não encrencou com a tirolesa, popular ação de um dos patrocinadores, e permitiu que fãs e não fãs cruzassem pelos ares em frente ao palco, fazendo barulho e chamando atenção. Ele inclusive dava joinha a alguns aventureiros. Também foi simpático ao agradecer a Goo Goo Dolls e Dave Matthews Band pelos shows de abertura. A verdade é que é virtualmente impossível tirar a atenção de Jon e seu sorriso brilhante em um show do Bon Jovi.

Público na boa

No show em São Paulo na semana passada, Bon Jovi viu um público mais animado do que no Rock in Rio, que se mostrou visivelmente cansado após a maratona do festival. Mas o show paulista não contou com o mega hit Always no setlist, que desta vez veio no bis. E o público também já não tem mais a histeria da turnê anterior no Brasil, em 2017. Uma possível viável: o público bonjovista, muitos na casa dos 40, está envelhecendo, assim como cantor, que no palco mantém a simpatia nas nuvens, mas já demonstra certas limitações físicas para encarar um show de rock de arena.

Veja trecho de It's My Life, de Bon Jovi, no Rock in Rio

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Pegou a bandeira

Durante Blood on Blood, resgatada do repertório do álbum New Jersey (1988), considerado um dos melhores da banda, Jon agarrou uma bandeira do Brasil e fez dela capa e bandana. O momento causou certa apreensão na plateia, já que músicos estrangeiros costumam desconhecer o fato de que ela virou símbolo de manifestações políticas. Poderia ser a senha para uma guerra de vaias ou gritos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Nada disso aconteceu. Para o público do Bon Jovi, nada é mais importante que vê-lo de pertinho cantar seu sucessos.

Um toco e um beijo

Ninguém esperava, mas chegou o dia em que o irresistível Bon Jovi levou um toco. Aconteceu no tradicional momento romântico de Bed of Roses, em que ele chama uma fã para dançar coladinho e dar um selinho na boca. A jovem até ensaiou passinhos com ele, mas depois de alguns segundos preferiu voltar para onde estava na plateia. O próprio Jon Bon Jovi riu do flerte malsucedido que parecia cena de sitcom. O público também. Uma segunda jovem foi acionada por ele do palco. Deu tudo certo, com carinhos e selinho. Nessa parte do show, já passada sua metade, muitos já começavam a deixar o Parque Olímpico.

Precisa de intervenção?

Assim como aconteceu em São Paulo, Jon Bon Jovi, com um tique no olho direito, passou os vocais para o tecladista David Bryan em In These Arms, e demonstrou dificuldade para alcançar o tom e manter o pique em algumas músicas. Se é fato que as apresentações e o gogó vêm perdendo pujança, qual seria a saída possível para ele? Uma turnê acústica e intimista? Um novo disco country? A retomada da carreira solo? Cantar nos cassinos em Las Vegas? Aposentadoria? Opções não faltam. As cartas estão na mesa de Bon Jovi.