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Tênis "afundado na lama" vira ímã de selfies e histórias sobre o Rock in Rio

O aposentado Antonio Carlos dos Reis e o filho Carlos Ryan - Leonardo Rodrigues/UOL
O aposentado Antonio Carlos dos Reis e o filho Carlos Ryan Imagem: Leonardo Rodrigues/UOL

Leonardo Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

28/09/2019 04h00

Ele é azul, tem cerca de 1,50 metro de altura, 3 de comprimento e está enfiado na lama cenográfica da Cidade do Rock. O tênis gigante que homenageia a primeira edição do Rock in Rio, realizada em 1985, virou febre entre o público e um dos pontos mais concorridos para selfies no primeiro dia de festival.

O adereço —nitidamente um All Star, mas sem mostrar a marca— está localizado numa área que relembra a história do evento, próximo ao palco Sunset e tem suas regras: ninguém pode encostar nem subir no "lamaçal" para se aproximar dele. Mas então qual seria a graça de um objeto como esse, já que estamos em um dia de público jovem, que veio por artistas como Drake, Elle Goulding e Bebe Rehxa? É fato: cada um tem uma história. E não importa muito a idade.

"Resolvi tirar porque estou muito emocionado de voltar ao Rock in Rio com meu filho. Fui no primeiro carregando ele no ombro em 85, ver o Queen. Como choveu, tinha muita lama. E é uma lembrança muito viva que tenho", disse ao UOL o aposentado Antonio Carlos dos Reis, 60, acompanhado do rebento, Carlos, de 36, que também se emocionou com o momento. "Ficamos muito felizes de ver isso aqui."

Tênis com lama Rock in Rio selfie  - Leonardo Rodrigues/UOL - Leonardo Rodrigues/UOL
Imagem: Leonardo Rodrigues/UOL

Houve também quem escolhesse o cenário por ele simplesmente parecia bonito. Outros, por memória alheia. "Eu tive que tirar porque meu pai sempre conta o dia em que ele veio ao Rock in Rio e perdeu o tênis no meio da lama. Voltou pra casa descalço", conta o estudante Pedro Almeida, 18 anos, fã de Drake e que veio o festival calçando chinelo de dedo, já que a lama não é mais um problema.

Teve quem louvasse o espírito "raiz" do rock, estampado na figura do tênis, e ainda confundisse as edições do festival —quem nunca? "Cara isso aqui é muito simbólico. É a história do festival. Maracanã lotado, galera curtindo rock de verdade", disse o bancário Luiz Otávio Arruda, 32, empolgado, referindo-se, na verdade, ao Rock in Rio 2, que não aconteceu na Cidade Rock e não teve lama.

Outros não estavam muito aí para a simbologia, mas para o calçado si. "Eu amo All Star. Já tive muitos, de vários tipos, sou louca por eles. Não tinha como passar aqui e não tirar uma foto", confessou a fotógrafa Thaís Faria, 27, acompanhada do marido, o advogado Hugo Faria, 38. "Eu gosto de All Star, mas eu tirei por causa do rock que ele representa mesmo", ressalta ele.

A reportagem do UOL flagrou no início da noite a produtora Michaela de Penasse, que trabalha com Roberto Medina trazendo artistas internacionais ao Rock in Rio, tirando sua foto no espaço acompanhada do filho. Ainda assim teve que esperar na fila. "Eu faço isso por causa do Rock in Rio. É incrível o que o festival era e o que se tornou. No início, o Roberto tinha muitas dificuldades para vender a ideia. Ninguém sabia muito bem o que seria. Nem ele. Ninguém conhecia o público brasileiro. Veja no que tudo isso se transformou."

O Rock in Rio 2019 acontece nos dias 27, 28 e 29 de setembro e 3, 4, 5 e 6 de outubro, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro. São 14 horas de shows por dia, com nove palcos e espaços, além da programação nas arenas. Neste primeiro dia do festival, as atrações no palco Mundo são Drake, Ellie Goulding, Bebe Rexha e Alok. No palco Sunset, Seal, Mano Brown, Karol Conka e Lelê & Blaya agitam a galera.