As três versões de Patti Smith que chegarão ao Brasil em 2019
Até o final do ano, o Brasil poderá conhecer três Patti Smith. Teremos a Patti Smith memorialista (com o livro O Ano do Macaco), a autora de não-ficção (Devoção), e a cantora que está escalada como uma das atrações principais do Popload Festival 2019.
Nascida em Chicago em 30 de dezembro de 1946, Patti Smith veio apenas uma vez ao Brasil (fez shows no Rio e em Curitiba em 2006). Desta vez, passa por São Paulo para o evento que acontece no dia 15 de novembro no Memorial da América Latina, ao lado de nomes como The Raconteurs, Hot Chip e Luedji Luna, entre outros.
Dá para antecipar algo do show? Como será, que músicas devem entrar? Bem, Patti Smith não é uma cantora convencional. Lançou o primeiro disco, Horses, em 1975, quando tinha 28 anos. Até então, não sabia muito bem o que queria fazer: se investiria na carreira de poeta (havia publicado quatro livros até 1974); se encararia a carreira de atriz (tinha participado de várias peças); se tentaria se desenvolver como pintora; se abraçaria de vez a performance. Porque ela fez um pouco de tudo entre os anos 1960 e o início dos anos 1970, em temporadas vivendo em Paris e em Nova York.
Conhecia todo mundo, do amigo, parceiro e namorado Robert Mapplethorpe, que se tornaria um dos principais nomes da fotografia da segunda metade do século 20, ao dramaturgo e ator Sam Shepard, passando por escritores como Allen Ginsberg e músicos como John Cale, Ray Manzarek e Janis Joplin.
Esse cenário incrivelmente criativo é o pano de fundo do primeiro livro de memórias de Smith, Só Garotos (publicado em 2010 pela Companhia das Letras). Ali, Smith relembra com incomparável sensibilidade o relacionamento com Mapplethorpe (os dois bem jovens, inseguros e sem grana; problemas que seriam driblados com o talento de cada um deles).
E esse cenário deu origem a Horses, em que ela aparece na capa em foto de Mapplethorpe, álbum musicalmente direto e intencionalmente cru que ajudou a abrir as portas do mundo para os punks. Horses deve aparecer no show paulistano em faixas como Gloria, Redondo Beach e Land - e ela deve ainda fazer releituras de músicas como Beds Are Burning (Midnight Oil), Walk on the Wild Side (Lou Reed), After the Gold Rush (Neil Young) e Are You Experienced? (Jimi Hendrix).
Depois de Horses, Smith lançou Radio Ethiopia (1976) e Easter (1978) -este último, puxado pelo hit Because the Night, co-escrito por Bruce Springsteen. Ela nunca foi uma cantora que vendesse horrores, nunca se propôs a isso. Nos anos de 1980, passou algum tempo sem se envolver diretamente com música. Retornou em 1988, com Dream of Life, que traz uma de suas faixas mais conhecidas, People Have the Power.
Em 1996, Smith lançou Gone Again, disco feito em circunstâncias bem tristes, após a morte de Mapplethorpe, de Fred Smith (seu marido), de Todd Smith (irmão) e de Kurt Cobain (de quem era amiga). O álbum é, ainda, o último registro em disco do guitarrista Jeff Buckley, que morreu em 1997. Gone Again pode estar envolto em um clima pesado, mas suas músicas têm uma convidativa afetividade e uma atmosfera calorosa que só uma cantora e letrista com a capacidade criativa de Patti Smith conseguiria produzir. Ela continuou a lançar discos, sendo o mais recente deles, Banga, de 2012.
As outras duas Patti Smith chegam ao país um pouco antes, em outubro, com os lançamentos de O Ano do Macaco e Devoção. Neste último, ela escreve sobre o processo criativo de alguns de seus trabalhos e o costura com observações em meio a uma viagem à França.
O mais atrativo desses lançamentos é O Ano do Macaco, o terceiro livro de memórias (que sucede Linha M, de 2016, no qual Smith relembrava momentos da vida em Nova York e de viagens a países como Alemanha e México, até a morte do marido). No novo livro, Smith volta a 2016, época em que passou tempos sozinha, viajando pelos EUA.
Se for como as duas anteriores, são memórias revividas com humor e melancolia cativantes.
POPLOAD FESTIVAL 2019
Com shows de Patti Smith, The Raconteurs, Hot Chip, Tove Lo, Cansei de Ser Sexy, Little Simz, Khruangbin, Boy Pablo, Luedji Luna e o bloco Ilê Aiyê
Quando: 15 de novembro
Onde: Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda, São Paulo)
Horários: Abertura dos portões às 10h; início dos shows às 10h45
Ingressos: pista R$ 580 (inteira), pista premium R$ 800 (inteira)
Onde comprar: www.ticketload.com e bilheteria do Unimed Hall
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