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Hyperdrive: Como dois brasileiros foram parar na competição de drift da Netflix

João Barion e Diego Higa, destaques brasileiros do reality Hyperdrive, da Netflix - Reprodução
João Barion e Diego Higa, destaques brasileiros do reality Hyperdrive, da Netflix Imagem: Reprodução

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

08/09/2019 04h00

Novidade na Netflix, a série Hyperdrive propõe um exercício de imaginação no mínimo inusitado: e se o filme Velozes e Furiosos virasse realidade, em um gameshow com 28 pilotos do mundo acelerando em provas absurdas, de extrema dificuldade, num misto de American Gladiators, Passa ou Repassa --mas sem perguntas nem torta na cara-- e Drifting with the Allstars?

Com produção da estrela Charlize Theron, a atração foi rodada em julho do ano passado nas instalações de uma antiga fábrica da Kodak nos Estados Unidos, onde dois brasileiros se destacaram pela destreza, frieza e controle mental: o santista Diego Higa e o mariliense João Barion, ambos pilotos profissionais de drift que escolheram correr com Mustangs modificados.

Alerta de spoiler: o texto a seguir revela informações importantes sobre o desenrolar de Hyperdrive.

Se você começou a ver o reality, se cansou e quer saber de saída quem levou a melhor, Higa vence com brilhantismo a competição e Barion chega perto do pódio, mas é eliminado devido a um vazamento no radiador do carro.

Para saber um pouco mais sobre os bastidores de Hyperdrive e o que a Netflix optou por não mostrar, o UOL conversou com os dois pilotos brasileiros, que são amigos e competem juntos no Super Drift Brasil, principal competição brasileira da modalidade.

Como foi feito o convite

Diego e João entraram em Hyperdrive de formas diferentes. O primeiro foi indicado pela Escola de Drift de Brasília, do amigo e também piloto Helio Fausto, após a produção entrar em contato pedindo sugestões de potenciais participantes. Diego conta que precisou passar por uma seletiva brasileira com vários pilotos, na qual saiu vencedor.

Já João Barion, que também possui uma escola de drift, em Piracicaba, diz ter sido convidado diretamente pelo programa. "Começaram me mandando uns e-mails, me sondando, com terminação suspeita, tipo hotmail. Achava que era mentira. Me pediram para ir mandando vídeos e outros materiais, para me conhecer. No fim, fui aprovado."

Cena de Hyperdrive - Divulgação - Divulgação
Cena de Hyperdrive
Imagem: Divulgação

Sem treino

A competição de Hyperdrive aconteceu em um intervalo de três semanas nos Estados Unidos, com gravações diárias, e os pilotos não tinham autorização para praticar nas pistas antes da hora. Como os obstáculos eram modificados constantemente, de corrida sobre água a passagem por "corredor cego" e um gigantesco nivelador, os pilotos dispunham apenas de um mapa e um passeio coletivo para se orientar.

"Todos os dias tínhamos que chegar no set às 16h. Por volta das 19h, a pista já estava montada. Eles pediam para os pilotos e assistentes entrar em vans com a produção, e eles andavam com a gente pelo traçado apenas para reconhecimento. Não chegavam a subir no nivelador, por exemplo, mas mostravam o caminho básico", conta Higa.

João Barion passa pelo temido nivelador de Hyperdrive - Reprodução - Reprodução
João Barion passa pelo temido nivelador de Hyperdrive
Imagem: Reprodução

Perrengues

Antes de ficar na mão com um problema no radiador, João Barion passou por outro momento delicado em Hyperdrive, quando danificou gravemente a suspensão dianteira do carro no Desafio dos Trilhos. A Netflix não mostra, mas, nesse momento, ele esteve muito perto de sair precocemente da disputa.

Para poder voltar, o piloto contou com a providencial ajuda de colegas e mecânicos que já haviam sido eliminados. Uma força-tarefa foi montada de última hora em uma oficina na cidade de Rochester e, depois de horas de trabalho intenso, o Mustang 65 do paulista conseguiu ser restaurado a tempo do próximo dia de gravação. Tudo não passou de um grande susto. Segundo ele, o imprevisto não teve influência em seu posterior abandono.

Netflix exibe imagens da cidade de São Paulo como se fossem de Santos - Reprodução - Reprodução
Netflix exibe imagens da cidade de São Paulo como se fossem de Santos
Imagem: Reprodução

Erros da Netflix

Hypedrive cometeu erros no momento de apresentar João e Diego ao público. Ambos são mostrados como pilotos vindos da cidade Santos, mas só Diego vive no litoral paulista. Em um dos primeiros episódios, na introdução de Higa, a cidade santista ainda é creditada com imagens erradas, feitas na capital São Paulo.

Outro equívoco ocorre na apresentação de João Barion, ex-piloto da Fórmula-3 que abandonou o automobilismo em 2006 para estudar negócios e trabalhar com a família, retornando às pistas apenas recentemente. A narração da Netflix informa erroneamente que ele havia saído de cena por problemas financeiros.

Diego Higa em Hyperdrive - Reprodução - Reprodução
Diego Higa em Hyperdrive
Imagem: Reprodução

Premiação

A Netflix proíbe os pilotos de comentarem os resultados das provas durante as três primeiras semanas da série no ar, prazo que terminará apenas na próxima terça. Um dos segredos guardados a sete chaves é a premiação, que foi dividida por prova durante o torneio.

A cada fase avançada, uma quantia pingava na conta dos pilotos, com o grande prêmio oferecido após a final vencida por Diego. Ele não revelou valores. "Esta foi a maior competição de drift já realizada no mundo, e é claro que o valor nem se compara ao das provas no Brasil."