The Boys: Série da Amazon mostra o que acontece quando "dá ruim" com heróis
Super-heróis são um negócio lucrativo. Vingadores: Ultimato, agora oficialmente o filme que mais arrecadou na história do cinema, está aí como prova. Assim como as cifras altíssimas arrecadadas por Marvel e DC na última década com HQs, filmes, séries, colecionáveis e outros produtos licenciados. Por isso mesmo, não há momento melhor para a estreia de The Boys, a série da Amazon que se propõe a investigar o que, afinal, acontece quando dá ruim com os seres superpoderosos que deveriam proteger a humanidade.
Não estamos falando de anti-heróis ou de heróis relutantes em assumir seu título, mas sim de heróis efetivamente corrompidos e corruptos. Na série de oito episódios, adaptação da HQ homônima criada por Garth Ennis e Darick Robertson, os poderosos estupram, matam impunemente e se preocupam mais com os lucros que vão receber de seus filmes do que com as pessoas que deveriam salvar.
É neste universo que conhecemos Hughie (Jack Quaid - sim, o filho de Dennis Quaid e Meg Ryan). Ele leva uma vida relativamente comum como vendedor de uma loja, até o momento em que vê sua namorada, Robin, transformar-se em um borrão de sangue ao ser atravessada por A-Train, um herói dotado de supervelocidade. Mas A-Train é quase intocável por ser parte dos The Seven, uma espécie de Liga da Justiça apoiada por um grande aparato corporativo: a Vought, empresa que agencia os poderosos e cuida rigidamente de suas imagens, com um time de advogados e relações-públicas a postos para abafar qualquer escândalo.
Inconformado com a injustiça do sistema, Hughie é abordado por Billy Butcher (Karl Urban, inspiradíssimo), um agente do FBI que está determinado a manter os heróis na linha e, para isso, pretende reavivar os "the boys" do título - basicamente, uma equipe de vigilantes. Paralelamente, acompanhamos a jornada de Annie/Starlight (Erin Moriarty), uma heroína que sonha em fazer parte dos Seven e mudar o mundo. Não é spoiler dizer que ela descobrirá uma realidade muito mais cruel do que poderia imaginar.
O que se segue ao longo da temporada, criada por Evan Goldberg e Seth Rogen (de Superbad) ao lado de Eric Kipke (Supernatural), é uma sátira ácida e cínica, que tem muito a dizer não só sobre o nosso culto aos heróis, mas também aos poderosos do mundo real: os políticos, empresários e celebridades que se mantêm em seus pedestais enquanto tentam deixar as controvérsias embaixo do tapete. Muito dessa conexão vem por meio de Madelyn, a calculista executiva da Vought interpretada por Elisabeth Shue. Não trabalhasse com super-heróis, ela é uma figura que poderia estar em qualquer ramo de atuação, o que a torna, por vezes, assustadora.
Tudo isso vem em meio a muito sangue, com cenas de violência fortes e exageradas que acabam atenuadas pelo humor esperto que domina a produção e não deixa cair no niilismo. É uma mistura divertida que funciona, marcando um acerto para a Amazon na batalha cada vez mais competitiva dos serviços de streaming pela nossa atenção. E vem mais por aí: The Boys já está renovada para uma segunda temporada.
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