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Casal Improvável diverte com humor politicamente incorreto sem ofender (quase) ninguém

Cena do filme Casal Improvável com Seth Rogen e Charlize Theron - Divulgação
Cena do filme Casal Improvável com Seth Rogen e Charlize Theron Imagem: Divulgação

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

20/06/2019 04h00

A química desenvolvida pelos atores Seth Rogen e Charlize Theron no filme Casal Improvável, que estreia hoje, faz desta comédia romântica e politicamente incorreta uma das boas surpresas do cinema neste ano.

Seth e Charlize interpretam Fred Flarsky e Charlotte Field, que se reencontram por acaso em uma festa chique. Charlotte é poucos anos mais velha que ele e foi sua babá na infância e Fred sempre foi apaixonado por ela.

Hoje, Fred é um jornalista fracassado, dono de textos ácidos e senso de humor apurado; e Charlotte é a secretária de estado dos Estados Unidos e candidata à presidência do país.

No enredo, Charlotte decide contratar Fred, que está desempregado, porque ela busca uma pessoa completamente diferente de seus assessores para escrever os discursos com mais graça e leveza. Juntos, eles viajam pelo mundo durante as missões oficiais de Charlotte, formando esse improvável casal.

Cena do filme Casal Improvável - Divulgação - Divulgação
Seth Rogen interpreta um jornalista que escreve discursos da secretária de estado dos EUA
Imagem: Divulgação

O filme, dirigido por Jonathan Levine (Meu Namorado é Um Zumbi), com roteiro de Dan Sterling (A Entrevista) e Liz Hannah (The Post: A Guerra Secreta), mistura piadas escatológicas com boas sacadas da política. Como, por exemplo, quando Charlotte compara seu medo de se apaixonar com um encontro com Saddam Hussein em um elevador de Bagdá.

Seth Rogen está bastante à vontade interpretando o tipo de personagem que ele mais gosta: o adulto imaturo, ogro, rebelde, nerd e fracassado, que só paga micos. Charlize, por sua vez, interpreta uma mulher deslumbrante, poderosa e muito divertida. Em cena, a atriz surpreende pelo humor afiado, depois de atuar em filmes tão distintos como Monster - Desejo Assassino (2003), Mad Max: Estrada da Fúria (2015) e Atômica (2017).

Cena do filme Casal Improvável - Divulgação - Divulgação
Cena do filme Casal Improvável
Imagem: Divulgação

Cultura pop e anos 1980

Íntimo da cultura pop, Seth Rogen faz piadas com o filmes antigos, com videogames, os filmes dos Vingadores e a série Game of Thrones. Mas é na cultura dos anos 1980 onde reside as melhores sacadas do longa-metragem.

Como Charlotte dedicou a sua vida ao serviço público, ela não acompanha as novidades da música e do cinema que foram lançadas depois dos anos 1990. Fred vê nisso uma oportunidade de agradar a amada.

O primeiro exemplo ocorre logo em uma das primeiras cenas, quando os dois se encontram em uma festa particular com show do quarteto Boyz II Men. Em outro momento, os dois fogem de uma recepção diplomática para dançarem juntinhos It Must Have Been Love, do Roxette.

Seth Rogen e Charlize Theron em cena de Casal Improvável - Divulgação - Divulgação
Seth Rogen e Charlize Theron em cena de Casal Improvável
Imagem: Divulgação

Filmes de Rogen

Casal Improvável é o típico exemplo de um filme com a assinatura de Seth Rogen. Assim como sabemos o que esperar das comédias de Adam Sandler, Steve Carell ou Jim Carrey, também sabemos o que esperar dos filmes de Rogen.

Judeu, o humorista nunca perde uma oportunidade de fazer graça usando a religião. Logo no início do filme, ele se infiltra em um grupo neonazista para escrever uma reportagem sobre ódio e intolerância e é obrigado a tatuar uma suástica no braço. Quando perguntam se está doendo, ele responde que dói mais na alma do que na pele. Ou ainda quando ele visita a Argentina e diz que está no país onde um nazista que matou um monte de judeus se escondeu.

Outra piada recorrente em seus filmes envolve maconha e o consumo de drogas. Desta vez, Seth oferece MD para Charlotte que fica completamente fora de si. Na sequência, ainda sob efeito da droga, ela é obrigada a negociar com um terrorista numa cena hilária e completamente nonsense.

Repleto de piadas politicamente incorretas, o filme correu o risco de derrapar no machismo, mas o que se vê é a construção de uma personagem feminina forte, poderosa e bem resolvida e com um final para lá de recompensador.