Björk: "Exército e indústria pornô usarão novas tecnologias; músicos também deveriam"
O MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo estreia hoje a mostra "Björk Digital", que já passou por cidades como Sydney, Barcelona, Cidade do México, Montreal, Los Angeles, Londres, Tóquio e Moscou. Na mostra, a cantora islandesa Björk transforma seus videoclipes em objetos de um museu futurístico, que podem ser vistos por meio da realidade virtual.
O destaque são os vídeos do álbum Vulnicura, de 2015. A música Stonemilker, gravada em 360º em uma praia islandesa (e disponível no YouTube), poderá ser ouvida e assistida com óculos especiais dando ao espectador a impressão de estar dentro do vídeo. Além de Stonemilker, a exposição-instalação traz outros cinco trabalhos de Björk extraídos Vulnicura: Black Lake, Mouth Mantra, Quicksand, Family e Notget.
A cantora conversou por email com o UOL sobre a mostra e falou sobre como a tecnologia tem influenciado a sua música e se a realidade virtual poderá substituir os museus no futuro.
A seguir leia os principais trechos da entrevista:
Como a tecnologia influencia a sua música?
Sempre me diverti com o fato de que a palavra "techno" em grego significa simplesmente "artesanato". Então, através dos séculos, fizemos nossa música com nossa voz e flautas, tambores, outros instrumentos e, eventualmente, computadores. É tudo a mesma coisa: um objeto que usamos para fazer música, com artesanato! E cabe a nós colocar alma nisso. A ferramenta não vai. Acho que por eu ser uma vocalista, eu tenho o instrumento mais clássico de todos. Então, eu sempre gosto de contrastar a variação e o progresso da tecnologia. Novos brinquedos para brincar. Às vezes, com a responsabilidade de adicionar alguma expressão. Você pode estar certo que o exército e a indústria pornô vão usar todas as novas tecnologias. Então, os músicos deveriam moldar a música também.
Como você imagina que o futuro será: bom ou ruim? Alegre ou sombrio?
Eu acho que um pouco de cada. Acho que você não pode ter um sem ter o outro.
A realidade virtual vai acabar com os museus e galerias de arte no futuro?
Não, mas vai somar. A fotografia não acabou com a pintura. A Netflix não fechou os cinemas. Todos podem coexistir. Algumas coisas são melhores em realidade virtual do que no cinema. Outras coisas são melhores no cinema. Pessoalmente, eu sinto que a minha ópera dramática e solitária, Vulnicura, é perfeita para a realidade virtual. Não é um álbum teatral e comemorativo como Utopia é.
Você acha que a música criada por algoritmos, sem a ajuda humana, será popular no futuro?
Algoritmos são feitos de padrões biológicos que temos na natureza. Luzes, ondas do oceano, e por aí vai. Você pode argumentar que eles são "naturais" e que muitas músicas foram feitas de maneira muito frias e isso é quase "não natural". E não se esqueça que os humanos fazem os algoritmos, então alguém os programa. Eu sinto que é da natureza humana desejar música e precisar de coisas com o máximo de emoção. Nossa alma sempre desejará isso. Também confio em nós. Toda vez que na história algo opressivo aconteceu, nós encontramos uma maneira de contornar isso. Pense na Revolução Francesa ou no fato de que, 120 anos depois da proibição de escravos nos Estados Unidos, um negro se tornou presidente. Às vezes pode demorar muito e às vezes não. Mas nunca nós nos deixamos ficar presos por muito tempo.
Então, como você imagina o futuro?
Eu acho que todas as coisas que já existiram antes, vão continuar existindo. Pessoas vão continuar cantando cantigas de ninar para as crianças, desenhando, dançando. Mas outras coisas serão adicionadas. Diversidade é fundamental no cenário global.
Você virá ao Brasil para a exposição?
Eu gostaria. Nós estamos nos organizando para que isso aconteça.
E você fará shows no Brasil?
Também estamos tentando. Eu adoraria compartilhar a peça Cornucópia com vocês. Meus shows são mais físicos e teatrais do que nunca. O oposto de "Björk Digital". Mas, se alguém quiser nos convidar, manda uma mensagem.
Serviço:
Bjork Digital
Datas: De 18 de Junho a 18 de agosto de 2019
Preços: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
Vendas: www.ingressorapido.com.br
Horários: terças a sábados, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 19h
Endereço: Museu da Imagem e do Som - MIS (Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo)
Telefone: (11) 2117 4777
www.mis-sp.org.br
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