Luis Fernando Verissimo vê retrocesso na política e revela sofrer ameaças
Luis Fernando Verissimo falou de passado e presente no "Conversa com Bial" de ontem. O escritor, de 82 anos, mostrou desânimo com o desenvolvimento do país ao longo desse período.
"Infelizmente o Brasil custa a melhorar. A gente acompanha toda a história achando que o futuro vai chegar, o país do futuro, mas não chega e às vezes piora. Jamais imaginei que estaria um dia morando sob um governo do Olavo de Carvalho por exemplo, no entanto, estamos vivendo no governo Olavo de Carvalho", desabafou.
"Nós estamos em um retrocesso em todos os sentidos. Inclusive os generais militares voltaram ao poder, disfarçados", comenta. "Sempre recebo cartas desaforadas me chamando de comunista. Na campanha do Collor [à presidência, em 1989], recebia cartas ameaçando matar e desfigurar meus filhos, hoje diminuiu bastante. Hoje chegam mais cartas aos jornais me xingando", comenta.
Ele tenta fazer um balanço das décadas. "Muita coisa melhorou. A medicina hoje em dia claro que melhorou, outras pioraram. O convívio piorou, os crimes bárbaros cada vez mais bárbaros...", enumera ele, que em 2012 contou com a medicina ao passar 24 dias internado no CTI do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS).
"Cheguei perto da morte. Estava no hospital delirando, comecei a ter visões, alucinações. Nunca soube bem que estava em risco de vida, depois pensando no que tinha passado vi que quase tinha ido embora", confessa.
Verissimo aprova um tema que aterroriza muitos humoristas. "O politicamente correto é positivo. Antes era muito comum fazer [piada] com o homossexual, com o judeu. Não existe mais porque ficou politicamente incorreto. Era mais ou menos irresistível fazer piada de bicha. Uma coisa que eu não faria hoje e pouca gente está fazendo", disse.
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