Topo

Marvel já transformou os Vingadores em "Pokémon" para o público japonês

Marvel Disk Wars: The Avengers - Reprodução
Marvel Disk Wars: The Avengers Imagem: Reprodução

Fábio Garcia

Colaboração para o UOL

10/05/2019 04h00

O Japão é um mercado gigantesco para entretenimento, mas nem tudo o que funciona o Ocidente vai bem por lá. Às vezes as empresas americanas precisam transformar suas séries em "coisas mais japonesas", e foi mais ou menos assim que nasceu o anime dos "Vingadores"... que embora seja baseado nos heróis de sucesso, pega emprestado características importantes de "Pokémon" (!?).

A Marvel, durante muitas décadas, fez várias tentativas de conquistar o Japão com seus heróis. Nos anos 70, a empresa firmou uma parceria com a Toei para a produção de seriados com atores japoneses inspirados nos quadrinhos americanos, com o objetivo de popularizar os personagens.

Homem-Aranha japonês

Foi daí que nasceu o infame "Spider-man", uma série tokusatsu (como são chamadas essas produções de ação com atores, roupas coladas e explosões coloridas que ninguém sabe muito bem de onde surgiram).

A Toei tomou uma série de licenças criativas, tirando Peter Parker e a ambientação nova-iorquina para introduzir um autêntico herói japonês que se transformava em Homem-Aranha ao vestir o uniforme "ejetado" de um relógio pouco discreto.

Para ajudar a derrotar os monstros, o Homem-Aranha japonês contava com a ajuda de Leopardon, um robô gigante igual aos que vemos os Power Rangers controlando.

Animes dos Vingadores

Nos anos 2000, a Marvel fez mais uma aposta no Japão ao fechar uma parceria com o estúdio MadHouse (de "One-Punch Man") para séries individuais de alguns heróis. Homem de Ferro, Blade, Wolverine e outros foram alguns dos "experimentos", e essas produções medianas até chegaram aqui no Brasil via Netflix.

A nova chance de transformar os Vingadores em animes (novamente em parceria com a Toei) veio em 2014, quando a série de filmes no cinema já fazia um sucesso grande e o mundo estava na expectativa por "A Era de Ultron".

Para o anime "Marvel Disk Wars: The Avengers", o estúdio japonês deixou de lado os quadrinhos clássicos para seguir fielmente a mesma cartilha usada em "Pokémon". Afinal, o objetivo era criar uma nova história responsável por encantar crianças japonesas. O resultado ficou bem peculiar.

Capitão América ou Pikachu?

A história de "Marvel Disk Wars: The Avengers" é bem simples, como todo bom anime infantil: de alguma forma, Loki conseguiu prender todos os heróis e vilões da Marvel em pequenos discos espalhados pelo mundo, e cinco jovens japoneses ganham o poder de "invocar" esses personagens para usá-los em lutas. Ou seja, é igualzinho "Pokémon", trocando o Pikachu pelo Capitão América.

Os heróis da Marvel são coadjuvantes, que conversam com os adolescentes japoneses e só aparecem para lutar após serem "invocados" em coreografias dignas de transformação da Sailor Moon.

A mais recente tentativa de levar os Vingadores para as crianças japonesas foi em 2017, novamente em parceria com o estúdio MadHouse. Em "Marvel Future Avengers" os heróis estão livres de pokébolas, mas não de jovens japoneses: os protagonistas são crianças com superpoderes, e a equipe dos Vingadores (composta por Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk e a Vespa) precisa ensinar aos novatos os truques para ser um verdadeiro herói.

Assim como no anime de "Marvel Disk Wars: The Avengers", em "Marvel Future Avengers" dá pra perceber uma inspiraçãozinha em outra série de sucesso. Nesse caso, a "homenageada" é "My Hero Academia", um dos sucessos atuais do Japão e cuja história consiste em jovens com superpoderes que têm aulas com heróis famosos. Parecido, não?

Infelizmente, nenhuma dessas séries animadas para crianças chegou ao Ocidente. "Marvel Disk Wars: The Avengers" e "Marvel Future Avengers" poderiam facilmente ser destaque de algum DisneyXD na vida, mas por enquanto são exclusivas para o Japão e o público de lá. Ou seja, sem planos ainda de assistirmos a um anime com uma criança japonesa gritando "Capitão América, eu escolho você!".