"Homecoming" mostra uma Beyoncé que (quase) ninguém tinha visto até agora
Beyoncé surpreendeu na última semana ao lançar simultaneamente com seu documentário na Netflix um álbum ao vivo com as músicas de seus shows no Coachella no ano passado. Mas o mais surpreendente em "Homecoming" é a forma como a cantora se abre e se mostra "de carne e osso" entre um trecho e outro das mais de duas horas de conteúdo, que mescla shows e bastidores.
Afinal, Beyoncé sempre foi muito discreta em relação à sua vida pessoal. Até então, pouco se sabia sobre intimidades de sua relação com o marido Jay-Z, a não ser aquilo que eles escolheram mostrar indiretamente em músicas de seus dois últimos trabalhos de estúdio: "Lemonade" e "4:44". Isso muda com o filme.
Os gêmeos Sir e Rumi - que até então pouco tinham aparecido - também estão bastante presentes no documentário dirigido pela mãe, inclusive no ultrassom e no momento exato do nascimento. Em um outro trecho de "Homecoming", a mais velha, Blue Ivy, aparece cantando e mostrando que herdou o dom.
Vale lembrar, por exemplo, que mesmo com 127 milhões de seguidores só em sua conta no Instagram, Beyoncé não segue ninguém na rede social. Por lá, ela é bem ativa. Mas tanta fama permite à diva da música até dispensar as legendas, e - ainda assim - colecionar milhões de likes a cada foto postada.
Veja a seguir cinco curiosidades sobre "Homecoming":
Recuperação do corpo
Beyoncé fez quatro meses de ensaios com a banda e de canto, e outros quatro de dança. Ou seja, voltou a trabalhar apenas dois meses após dar à luz seus filhos gêmeos. Batizando o show de "Homecoming", ela quis promover uma espécie de festa de reencontro de alunos da faculdade. Foram cerca de 200 pessoas envolvidas, e a cantora literalmente armou uma arquibancada no palco do Coachella para colocar juntos balé, banda e percussionistas.
A cantora confessa que chegou aos 99 kg durante sua gravidez e que achou que nunca mais iria voltar a dançar. "Houve dias em que eu pensei que eu nunca mais seria a mesma. Nunca seria a mesma fisicamente, perderia a minha força e resistência [...] E grande parte da coreografia requer sensações, então não é tão técnica. É a sua personalidade que dá vida a ela. E é difícil quando uma pessoa não se sente ela mesma", conta em primeira pessoa.
"Tive que recuperar meu corpo dos cortes da cesárea, Levei um tempo para me sentir confiante o bastante para pôr a minha personalidade nela. No começo eram tantos espasmos. Internamente, o meu corpo não estava inteiro. A minha mente não estava presente. A minha mente queria ficar com os meus filhos. O que as pessoas não veem é o sacrifício."
Gestação de risco
Beyoncé iria se apresentar em 2017 como uma das principais atrações do Coachella. Mas a gravidez de gêmeos, que segundo ela foi inesperada, fez com que o show fosse adiado para o ano seguinte. Em "Homecoming", ela ainda revela teve uma gestação de risco e que quase perdeu um dos bebês.
"Eu iria cantar no Coachella no ano anterior. Mas eu tive uma gravidez inesperada. E acabou sendo gêmeos. O que acabou sendo uma surpresa maior ainda. O meu corpo sofreu mais do que pensei aguentar. Eu estava com 99 kg no dia em que dei à luz. Tive uma gravidez de alto risco. Fiquei com pressão alta, tive toxemia, pré-eclampsia, e, no útero, o coração de um dos meus bebês parou algumas vezes. E passei por uma cesárea de emergência."
Família presente
Os gêmeos Sir e Rumi, aliás, são estrelas secundárias. Beyoncé liberou imagens da barriga, de ultrassom, dos bebês com o pai, Jay-Z, da amamentação e até mesmo encontrando a mãe entre uma pausa e outra dos longos ensaios para o show. A primogênita Blue Ivy também mostra um pouco mais de sua personalidade entre um take e outro do documentário. A menina participa de partes do ensaio e mostra que já entende o trabalho da família.
O marido Jay-Z, que participa do show cantando "Déjà Vu", também aparece em várias cenas acompanhando os ensaios e participando das reuniões, sempre lideradas por Beyoncé. Em um dos trechos, ele aguarda pacientemente até que a esposa finaliza o trabalho e anuncia para a equipe: "Agora preciso ir pra casa. Hoje é meu aniversário de casamento."
Esforço extremo
O esforço físico e mental para fazer um show perfeito, também envolveu uma dieta bastante restrita. "Eu me proibi de consumir pão, carboidratos, acúçar, laticínios, carne, peixe e bebida alcoólica. E estou com fome", admite Beyoncé. "Não é como antes quando eu ensaiava por 15 horas direto. Tenho filhos, um marido. Tenho que cuidar do meu corpo", reflete Beyoncé.
"Me esforcei mais do que pensava ser capaz e aprendi uma lição valiosa. Eu nunca, nunca mais chegarei a esse extremo. Estou me sentindo uma nova mulher em um novo capítulo da minha vida e nem estou tentando ser quem eu era. É tão lindo que crianças façam isso com uma pessoa."
Em um momento "gente como a gente", Beyoncé surge orgulhosa quando consegue entrar em um figurino antigo e pede para que a equipe faça uma ligação em vídeo para ela mostrar aquilo para o marido. Empolgadíssima em frente ao celular, ela recebe uma reação um tanto quanto enfadonha do rapper e ri ao desligar. "Por que os homens não se animam com isso?"
Raízes
Ainda mais importante que toda a intimidade da artista, é o peso simbólico que ela colocou no show. Como vem fazendo desde "Lemonade", Beyoncé quis valorizar sua representatividade como mulher negra. Todo o documentário é permeado por frases de grandes líderes negros que frequentaram as universidades historicamente negras dos Estados Unidos.
"É difícil de acreditar que depois de todos esses anos eu fui a primeira mulher afro-americana a ser atração principal no Coachella. Era importante pra mim que todos que nunca se viram representados se sentissem no palco com a gente", destaca Beyoncé.
Ela também busca o tempo todo valorizar a equipe que trabalha com ela no show, deixando claro que escolheu um a um. Uma das bailarinas, inclusive, relata uma situação parecida com a dela, lutando com o próprio corpo para voltar a dançar após ter dado à luz.
"Como negra, eu sentia que o mundo queria que eu ficasse no meu cantinho. E mulheres negras muitas vezes se sentem subestimadas. Queria que sentíssemos orgulho não só do show, mas do processo. Orgulho da luta. Gratidão pela beleza que vem com uma história dolorosa e nos regozijássemos na dor, nas imperfeições e nos erros que são acertos. E eu queria que todas sentissem gratidão por suas curvas, por sua atitude, por sua honestidade. Gratidão por sua liberdade. Não havia regras, e pudemos criar um espaço livre e seguro onde nenhuma de nós era marginalizada."
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