Tribalistas criam universo particular em show poético e nostálgico no Lolla
Os Tribalistas se apresentaram no palco Budweiser no primeiro dia de Lollapalooza Brasil. Para quem questionou a escalação do trio brasileiro no festival, Carlinhos Brown, Marisa Monte e Arnaldo Antunes fizeram o público dançar desde a abertura com "Tribalistas" até o final com "Já Sei Namorar". O clima amistoso foi predominante em todo o show..
Tão diferente musicalmente do que tinha sido visto até então no primeiro dia de Lolla, o grupo criou um mundo particular entre as guitarras distorcidas e o rock alternativo que dominaram a tarde de hoje.
Elegância da MPB
Seguindo a turnê que o grupo fez ano passado após lançar o segundo álbum homônimo, o show foi grandioso apesar do público chegar aos poucos. Começando pelo telão grandioso que encheu de artes e interpretações, como introduzir os integrantes "Operários", de Tarsila do Amaral, e Arnaldo apareceu com com uma jaqueta verde escura e larga na altura dos dos tornozelos. Marisa escolheu um vestido laranja gritante para combinar com o violão. Carlinhos veio com uma blusa brilhante escura e uma calça dourada. Se eles não combinam nada com nada no look, o entrosamento do grupo é impressionante, fazendo música há mais de 25 anos.
Climão de nostalgia
Representantes da MPB no Lolla, os Tribalistas criaram um clima próprio para seu show -- e boa culpa foi do show. A ideia de boas vibrações veio das danças introspectivas do público a aplausos e coro emocionado para as músicas mais populares. Para o palco que tinha visto o indie rock dos Foals, o trio brasileiro trouxe a noite e o romantismo, o regionalismo, o diálogo e a poesia. O público majoritariamente na casa dos 20 anos, que eram pequenos quando o primeiro disco dos Tribalistas, lembraram as músicas nostálgicas do grupo que ouviam com a família no início dos anos 2000 e apoiaram o retorno do trio 15 anos depois. Em uma indústria musical tão imediata, o grupo juntou o passado e o presente.
Problemas de som
O sistema de som falhou por alguns momentos nas duas primeiras músicas, como se fossem umas "piscadas" de som, o que deixou mais incomodado os fãs do que a própria banda. Para quem estava no fundo, a situação foi pior por causa das torres de repetição, que ficaram cerca de 30 segundos sem som. Ainda assim, os problemas foram consertados com rapidez e não atrapalhou o caminhar do show.
Chuva de hits
O repertório do show ficou restrito aos dois discos inéditos do supergrupo. E são mais do que suficientes, porque haja hit. Claro que "Velha Infância", "Passe em Casa" e "Aliança" não faltaram, mas o show teve abertura para "É Você" e "Fora da Memória", além do sambinha intimista "Universo ao Meu Redor", lançado por Marisa em carreira solo, que trouxe Arnaldo dançando do jeito mais desengonçado e fofo possível, "Amor I Love You" e "Depois". O público esperou ansiosamente por "Já Sei Namorar" e chegou a cantarolar a introdução da canção pra ver se seu desejo era realizado. A música encerrou a apresentação do trio, enquanto muitas pessoas já se deslocavam para o Palco Ônix ver Sam Smith
Cada um no seu quadrado
O que chama a atenção nos Tribalistas é como três pessoas tão diferentes funcionam tão bem no palco. Marisa fica mais centrada e exibe sorrisos enquanto passeia pelos acordes no violão, Arnaldo faz a segunda voz ressonante que casa perfeitamente com o timbre melódico e delicado da sua parceira. Brown não fica parado na percussão, e brinca no contratempo puxando o público ou resgatando o verso anterior. Se cada um dança num ritmo, a junção dá jogo e por isso os Tribalistas for escalados em horário nobre no festival.
Protestos só do público
O grito de "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*" foi ouvido pela galera na frente do palco Budweiser, mas os Tribalistas não deram muita bola. Uma outra tentativa aconteceu e o resultado foi o mesmo. O trio parecia mais interessado em tocar do que protestar.
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