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Sóbrio, experimental e com um pé em Bowie: Como foi o show do Arctic Monkeys no Lolla

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

05/04/2019 23h07

O Arctic Monkeys que veio ao Lollapalooza Brasil 2019, no Autódromo de Interlagos em São Paulo, não é mais o mesmo. Alex Turner, que abandonou o cabelo curtinho, está mais maduro, assim como o som do quarteto britânico.

Se com o álbum "AM" eles conquistaram o apogeu, no recente "Tranquility Base Hotel & Casino" o grupo está sóbrio, experimental e com um pé em David Bowie. O público que encheu o Palco Budweiser não entrou muito no clima da nova fase, mas berrou a plenos pulmões os hits do passado.

Dez anos de mudanças

O show tentou abraçar todas as facetas de seu repertório. E deu certo até certo tempo. O começo apoteótico com "Do I Wanna Know?" e "Brainstorm" era exatamente o que o público queria: riffs pesados e bateria acelerada para saudar a banda que não via há meia década. É curioso ver como as canções de cada álbum mostram um Arctic Monkeys diferente, do indie ao radiofônico, e encerrando no experimental e psicodélico. De "One Point Perspective" para "I Bet You Looking Good at the Dancing Floor" são 11 anos de diferença e uma pegada totalmente diferente, de uma banda que evoluiu tanto na estética quanto na sonoridade.

Empolgação

O karaokê a céu aberto funcionou menos nas músicas do álbum recente, quando o ritmo ficou mais lento e a nova cara do grupo apareceu. Esses foram os momentos para o público conversar com os amigos, tentar descolar uma cerveja ou sentar para poupar as pernas por alguns minutos. Após o bis, muitos já abandonavam o local. Quem ficou, ainda viu "R U Mine?", que levantou quem enfrentou a maratona do primeiro dia do Lolla.

Josh Homme e David Bowie

O cabelo puxado para trás e a jaqueta de couro em pleno calor de São Paulo dá um ar sóbrio para a apresentação, uma clara influência de Josh Homme, do Queens of the Stone Age, que já trabalhou com eles. A luz ajuda, ora baixando a claridade para expor o vocalista, ora estourando o contraste. Alex, 33, parece uma versão moderna de David Bowie, desde a pinta de rockstar charmoso à experiência na música, como em "Ultrachesse", quando ele deixa a guitarra de lado e entra no clima da música, caprichando nas caras e bocas. Nas faixas antigas, ele mantém o pique e não perde o ritmo nem a letra em algum momento, uma lembrança dos seus 20 anos.

Setlist

"AM" (2013) e "Tranquility Base Hotel + Casino" (2018) foram as bases para o repertório do grupo: teve "Why'd You Only Call Me When You're High?", "Snap Out of It", "Knee Sock", "Do I Wanna Know?", "The Ultrachesse", "One Point Prespective", "Four Out of Five", "R U Mine?".

De "Suck It and See" (2011) estiveram "Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair" e "Library Pictures". "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not" (2007) foram lembrados "Dancing Shoes" e "I Bet You Look Good on the Dancefloor". Já "Hamburg" (2009) vieram "Cornerstone", "Crying Lightning" e "Preety Visitors".