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Com fôlego renovado, Interpol volta ao Brasil "tocando melhor ainda"

Sam Fogarino, Daniel Kessler (em pé) e Paul Banks, do Interpol - Wendy Redfern/Redferns
Sam Fogarino, Daniel Kessler (em pé) e Paul Banks, do Interpol Imagem: Wendy Redfern/Redferns

Osmar Portilho

Do UOL, em São Paulo

02/04/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Banda de Nova York é atração do Lollapalooza em SP
  • Trio lança seu sexto álbum, "Marauder"

São seis álbuns nas costas - "Marauder", o mais recente, foi lançado no ano passado -, o Interpol está longe de ser uma banda iniciante. Aos 50 anos de idade, o baterista Sam Fogarino também distante de ser um músico aspirante, mas é com a empolgação de um rockstar que sai pela primeira vez na capa da extinta revista "NME" que ele atende a ligação do UOL, direto de Nova York, cidade onde nasceu o trio que ainda conta com Paul Banks e Daniel Kessler.

O fato de ser um trio também ainda soa como uma novidade para o Interpol, que decidiu não substituir o baixista Carlos Dengler, que deixou o grupo em 2010. Atração do Lollapalooza 2019 (eles tocam no dia 7, domingo), a fase é de celebração, segundo Fogarino. "É interessante voltar com material novo. Acho que estamos tocando as músicas antigas melhor ainda. Estamos ansiosos para mostrar o que estamos fazendo", diz o empolgado baterista, lembrando-se da última passagem pelo Brasil, justamente no mesmo festival em 2015.

"Marauder", The Police e a polícia de Nova York

O sexto álbum do Interpol é bem menos lapidado que seus antecessores mais recentes. Seus riffs urgentes e mais roqueiros tem muito mais a ver com o álbum de estreia "Turn On the Bright Lights" (2002), que apresentou os nova-iorquinos ao mundo músicas como "Obstacle 1", ou seu sucessor, "Antics" (2004), que emplacou hits como "Evil" e "Slow Hands".

"Quando começamos a trabalhar em 'Marauder' já estávamos prontos e confiantes. Nós simplificamos as coisas e começamos a trabalhar só com baixo, bateria e guitarra. Com o disco conseguimos manter a nossa vibe, uma energia crua, nosso entendimento de uma banda de rock. Simplificamos tudo e isso era algo que eu queria fazer há tempos", afirmou.

A banda Interpol - Wendy Redfern/Redferns - Wendy Redfern/Redferns
Imagem: Wendy Redfern/Redferns

Tocar como uma banda de rock com uma estrutura menor e mais pesada, segundo o baterista, foi um processo natural entre os três. Ele cita inclusive como referência o funcionamento de outro trio, o The Police (sem trocadilhos aqui), para exemplificar a fase do Interpol.

"Há tanto espaço naquelas músicas, mas elas continuam sendo densas. Não falta nada. E eu, como baterista, não posso sair dizendo o que quero que os caras façam. Eu tenho que transmitir aquilo de trás da bateria e mostrar como me sinto diante de cada canção. Tenho que mostrar que nós podemos deixar espaços na música, e não ver aquilo e tentar preencher com teclados ou clonando faixas."

E por falar em The Police, Sam Fogarino ainda narra um problema que o Interpol teve com a polícia de Nova York durante o nascimento de "Marauder".

A vida como trio no estúdio e no palco

A saída de Carlos Dengler obrigou Paul, Sam e Daniel a pensarem o que seria do Interpol sem seu baixista. Segundo o baterista, assim que o Paul Banks decidiu assumir o baixo, as coisas começaram a fluir naturalmente.

"Foi nesse momento que ficamos pensando: 'sério, cara'? E de repente ficou tudo bem. OK, não está faltando ninguém. Tem alguém tocando baixo bem e não é só uma cópia do Carlos. A lacuna foi preenchida. Ele conseguiu e foi muito bom. Eu e Daniel [Kessler] conversamos sobre isso e sobre como ele deveria continuar fazendo isso. Estávamos funcionando muito bem. Não precisávamos trazer outra pessoa de fora para atrapalhar nossa dinâmica".

29.03.2015 - Os nova-iorquinos do Interpol fazem apresentação para grande público no palco Skol. Apesar da chuva, a animação está alta no Lollapalooza Brasil 2015. - Eduardo Anizelli/Folhapress - Eduardo Anizelli/Folhapress
Sam Fogarino e Paul Banks durante show do Interpol no Lollapalooza Brasil 2015
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

A nova dinâmica, que já havia funcionado em "El Pintor" (2014), se repetiu no álbum mais recente. "Quando alguém sai é difícil. Mas o que muda mesmo é quando alguém coloca diferentes personalidades na música. Isso leva um tempo. E nós três já estávamos acostumados a tocar juntos. Era só uma pessoa a menos. Isso fez as coisas serem mais fáceis. Não foi necessário entender um novo estilo ou personalidade de outra pessoa para descobrir como ela se encaixaria", explicou.

Fogarino ainda explica que "'Marauder' facilita as coisas para a banda nos shows", justamente por ele não ter canções com produções exageradas.

"Gravamos as canções da mesma maneira que as escrevemos. A última vez que fizemos isso foi com "Turn On the Bright Lights" (2002) porque éramos uma banda que só sabia tocar ao vivo. Não fazíamos discos. Naquela época era importante para traduzir o tipo de som que fazíamos. E aí sim criamos confiança para fazer álbuns como "Our Love to Admire" (2007), sabe? Coisas assim. É muito legal você voltar para essa sonoridade mais crua naturalmente, sem conversas".

Diante de uma agenda cheia de entrevistas por telefone, o empolgado Sam Fogarino se despede da reportagem assim que a assessoria indica o fim da entrevista. O pique seguiu para a próxima conversa de um baterista orgulhoso de sua banda, na ativa desde 1997. "O Brasil é certamente um dos lugares mais empolgantes para se apresentar. Vocês me ligam para a próxima entrevista? OK, vamos lá!".