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Baterista do Interpol conta como a banda foi expulsa pela polícia de estúdio

Os integrantes da banda nova-iorquina Interpol - Divulgação
Os integrantes da banda nova-iorquina Interpol Imagem: Divulgação

Osmar Portilho

Do UOL, em São Paulo

27/12/2018 04h00

O Interpol alertado pela polícia? Fala sério.

Sam Fogarino atende o telefone empolgado mesmo durante uma bateria de várias entrevistas por telefone. Enquanto a banda celebra o lançamento de seu sexto disco — "Marauder" (2018) — e se preparava para retornar ao Brasil no Lollapalooza, que acontece entre os dias 5 e 7 de abril de 2019, em São Paulo, ele contou ao UOL o caso curioso sobre a criação do novo álbum.

Aproveitando que os amigos do Yeah Yeah Yeahs estavam em hiato, o trio formado por Paul Banks, Daniel Kessler e Sam Fogarino usou o estúdio da banda em Nova York para trabalhar em suas canções. "É um lugar incrível. Nick Zinner nos deixou usar o estúdio em sua casa porque ele estava passando bastante tempo em Los Angeles. Só de ir lá já é algo incrível. Ele fez um trabalho inacreditável ao transformar um típico porão de Nova York feito de pedras em um estúdio. Na realidade, não é só um estúdio, é um local apropriado para ser trabalhar. Com muitas fotografias e lembranças do Yeah Yeah Yeahs. Um lugar maravilhoso para se focar na música. E ele tem uma alma incrível que a sua vibe ficar por lá, sabe?", contou Sam.

29.03.2015 - Os nova-iorquinos do Interpol fazem apresentação para grande público no palco Skol. Apesar da chuva, a animação está alta no Lollapalooza Brasil 2015. - Eduardo Anizelli/Folhapress - Eduardo Anizelli/Folhapress
Sam Fogarino e Paul Banks durante show da banda em São Paulo, no Lollapalooza 2015
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Nascida em Nova York — uma das músicas do Interpol se chama "NYC" —, a banda estava em um cenário ideal para focar na faixas de "Marauder". Mas nesta equação entre locação e cidade, os músicos não contavam com um fator importante: vizinhos.

"Mas tem uma pessoa que mora em um dos apartamentos acima do porão que podia nos ouvir claramente como se fosse o dia. Aparentemente ele podia ouvir a banda como se estivesse na sala conosco. Nós tentamos conversar e resolver as coisas explicando que somos uma banda profissional. Não estávamos simplesmente tentando estragar o dia dele. Estamos trabalhando, sabe? Fazendo um disco", continuou o baterista.

Não adiantou.

As reclamações do vizinho seguiram adiante e Sam explica aos risos o motivo de tamanha insistência para que o grupo não tocasse tão alto.

"O problema é que aparentemente ele também trabalhava com algo parecido. Era sonoplasta. E acho que isso estava deixando ele p*** porque ele também não conseguia trabalhar. Era impossível para ele".

E a história ficou séria quando a polícia foi chamada. Segundo Sam, pelo menos cinco vezes as autoridades bateram na porta do estúdio pedindo para os integrantes do Interpol diminuírem o som. "E aí os policiais falaram 'é melhor vocês encerrarem isso porque senão terão um problema'".

Embora seja uma banda de rock e tenha sua cota de canções intensas, o Interpol não é exatamente um grupo pesado. O espanto de ter que interromper a produção do disco por causa do barulho é motivo de risos do baterista.

"Se falamos que a polícia foi chamada por causa do som alto você pensa no Mastodon. Foi muito engraçado, sabe? É até ridículo pensar que o Interpol foi alertado pela polícia por causa de sua música alta. Quando alguém fala em uma banda de rock você não pensa na gente".

Mesmo com todos os empecilhos com as autoridades, "Marauder" ficou pronto. E, no fundo, Sam Fogarino ficou feliz de causar problemas para a polícia de Nova York.

"De certa maneira, aquele menino punk que vive dentro de mim pensou: 'Ah, isso é muito bom para você.'".