Brown sobre disco ao vivo dos Tribalistas: "A MPB influencia a música pop atual"
Os Tribalistas lançam hoje o primeiro álbum ao vivo do grupo, um momento especial tanto para Carlinhos Brown, Marisa Monte e Arnaldo Antunes quanto para os fãs. O registro foi feito durante a apresentação do trio no ano passado em São Paulo para 45 mil pessoas -- um fenômeno que só os Tribalistas conseguem na MPB.
"Somos representantes de regiões diferentes do Brasil e representamos a música brasileira com sotaques diferentes, timbres diferentes. Tem uma qualidade de comunicação que fala com as pessoas de forma clara", tenta explicar Marisa Monte, em entrevista ao UOL, sobre o que faz dos Tribalistas uma força na música.
Para Brown, o que os brasileiros sentem com o grupo é semelhante ao que acontece quando os músicos se apresentam fora do país. "A MPB interessa ao mundo. A nossa forma de tocar invadiu o mundo e terminou afirmando outras culturas. A MPB fala com o mundo e influencia a música pop atual."
No novo projeto, além de reunir faixas dos álbuns anteriores do grupo e pinceladas das carreiras de solo de cada integrante, hits minimalistas como "Velha Infância" e "Passe em Casa" são ovacionadas por um estádio lotado, o que deixou os próprios integrantes impressionados. "É uma grande celebração, para a gente foi como se estivesse realizando um desejo antigo. É um registro que conseguiu ser fiel à emoção que aquilo estava representando para nós, o calor do público.", complementa Arnaldo.
O registro completo estará disponível no canal oficial do grupo no YouTube amanhã, a partir das 21h.
Espera de 16 anos
Em 2003, o disco homônimo dos Tribalistas foi um sucesso gigantesco e vendeu 1 milhão e meio de cópias apenas no Brasil. Um registro ao vivo não foi feito na época porque Marisa tinha acabado de dar à luz ao filho Mano, e sair em turnê estava fora de cogitação.
Com o disco de inéditas lançado ano passado e um espaço na agenda, os Tribalistas saíram rodando o Brasil, sendo o maior show em São Paulo, no Allianz Parque. "O show que a gente faz não acontece sem a plateia. E a plateia fez uma apresentação maravilhosa. Eles estão muito bem, arrasaram", diz Marisa.
"Acho que foi muito importante para nós mesmos afirmarmos o quão importante é para a gente estar junto. O quanto a gente aprende um com o outro. E nesse momento, para a gente foi mais importante fazer uma turnê afirmando a diversidade, a riqueza da nossa diferença, a arte, a cultura, a união", acrescenta.
"O primeiro disco, quando fez aquele sucesso todo, não foi uma coisa esperada, apenas quisemos registrar juntos porque tinha um corpo de canções compostas no mesmo período", admite Arnaldo. "E aí ficamos 15 anos até fazer o segundo disco e continuamos compondo muito. E o show tem uma história que acaba contando esses 25 anos de parceria".
Os Tribalistas partem para uma série de shows na América do Sul antes de fechar a agenda no Lollapalooza Brasil, no começo de abril. O que vai acontecer depois? Ninguém sabe, mas eles não estão preocupados. "Com certeza vamos nos encontrar e fazer mais música. Temos muitos sonhos, muitos desejos, poucos prazos e poucos planos", brinca Marisa.
Uma parceria que começou dez anos antes do primeiro disco do Tribalistas não vai ser desfeita tão fácil e o trio segue sem pretensão de garantir mais um disco no ano que vem. "A gente nunca se afastou. Os dois discos dos Tribalistas têm 23 músicas gravadas, mas no total temos 56 músicas gravadas como trio. E deixa claro que não sumimos ou fomos para algum lugar, a gente apenas variou as nossas formas de se comunicar com o nosso público", salienta a cantora.
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