Topo

Por que Jim Starlin, criador de Thanos, não gosta da Marvel

Thanos - Reprodução
Thanos Imagem: Reprodução

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

26/02/2019 04h00

Jim Starlin, um dos maiores nomes da história dos quadrinhos, é o pai de Thanos. Mas a relação do quadrinista com a Marvel não é das melhores. Sendo direto: ele não suporta a editora.

A bronca do quadrinista atingiu o seu ápice no final de 2017, quando anunciou no Facebook que não trabalharia mais com a Marvel. O motivo foi uma série paralela do Titã Louco, criada pela editora e que ele não tinha ligação, muito semelhante com um projeto que Jim estava desenvolvendo.

"Agora não tem volta. Houve tempo suficiente para consertar a situação. Eles enrolaram um mês, procrastinando, primeiro negando que [os projetos] eram semelhantes. E [os editores da Marvel] não fizeram nada, nem levantaram um dedo", explicou Jim para o site SyFy.

A saída do roteirista e desenhista de 69 anos aconteceu poucos meses antes do auge do seu trabalho, a adaptação cinematográfica de "Vingadores: Guerra Infinita". No Facebook, ele reiterou que não tem nenhum conflito com os produtores do Universo Cinematográfico da Marvel, mas sim com os editores da Marvel.

Jim Starlin, o criador de Thanos e da saga "Guerra Infinita" - Reprodução - Reprodução
Jim Starlin, o criador de Thanos e da saga "Guerra Infinita"
Imagem: Reprodução

Amor conturbado

Jim abandonou a Marvel pelo menos seis vezes, voltando apenas pela sua paixão por Thanos. Jim entrou para a editora após servir na Guerra do Vietnã. Começou como desenhista, fazendo pequenos projetos para a editora. Na primeira oportunidade, conseguiu introduzir um personagem dele. Era Drax, o Destruidor, que fez uma parceria com Tony Stark em "Homem de Ferro #55" (1973).

Quem também deu as caras pela primeira foi o vilão Thanos. "Jim chegou com esses personagens e ele queria desenhá-los para a Marvel. Na sua cabeça, esses eram com certeza personagens da Marvel", lembrou seu parceiro criativo Mike Friedrich. Thanos não caiu nas graças do público de imediato. Foi só no ano seguinte que o vilão ganhou a popularidade merecida em uma minissérie espacial do Capitão Marvel.

Os problemas começaram porque Jim não gostava que havia um revezamento de profissionais no seu trabalho. Foi por isso que deixou a Marvel antes mesmo do arco final da história.

A separação não durou muito tempo e, ao voltar, Jim ainda fez questão de soltar uma indireta na história "1000 Clowns", em que ele fez anagramas com Stan Lee sendo o vilão e um alienígena sendo John Romita, o grande nome da Marvel na época. Essas idas e vindas do quadrinista continuaram por décadas e ele sempre voltava com alguma ideia inédita sobre seus personagens cósmicos, especialmente Thanos.

Guerra Infinita

Thanos em trecho da minissérie "Desafio Infinito" - Lucas Lima/UOL - Lucas Lima/UOL
Thanos em trecho da minissérie "Desafio Infinito"
Imagem: Lucas Lima/UOL

Se Steve Ditko iniciou os enredos e personagens psicodélicos da Marvel na década de 1960, foi Jim Starlin quem os aprimorou. Seus épicos espaciais podem ser comparados com a magnitude da saga "Star Wars", chegando ao seu auge em "Desafio Infinito" e "Guerra Infinita", lançados em 1991, que serviram de inspiração para o terceiro filme dos Vingadores. Foi Jim o responsável por bolar a trama cruel de Thanos de dizimar metade do universo e ainda a icônica Manopla do Infinito.

Mas, recentemente, imbróglios financeiros surgiram quando a Marvel decidiu colocar nas telonas a trama. Em um post no Facebook de 2017, o quadrinista contou que ele recebeu muito mais pelo personagem Anatoli Knyazev, de "Batman Vs Superman: A Origem da Justiça", do que por Thanos em todos os filmes combinados. Isso levou a um novo acordo com a Disney, que agora ele considera "justo".