Acusado de assédio, Bryan Singer ainda dirigirá remake de "Guerreiros do Fogo"
Rodolfo Vicentini
Do UOL, em São Paulo
24/01/2019 20h37
Bryan Singer, acusado nesta semana de ter assediado sexualmente de quatro menores de idade, vai continuar como diretor do reboot de "Guerreiros do Fogo".
Quem confirmou a informação foi o produtor Avi Lerner ao site THR. "Eu continuo trabalhando em 'Guerreiros do Fogo' e Bryan Singer está escalado no projeto".
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"Os mais de US$ 800 milhões arrecadados por 'Bohemian Rhapsody' são uma prova de sua sua notável visão e perspicácia. Eu sei a diferença entre fake news e realidade, e estou muito confortável com a decisão. Nos Estados Unidos, as pessoas são inocentes até que se prove o contrário", completou o produtor.
A permanência de Singer no projeto é uma rara decisão na Hollywood atual, considerando os inúmeros atores, produtores e executivos que tiveram a carreira manchada após acusações semelhantes.
"Guerreiros do Fogo" foi estrelado por Brigitte Nielsen e Arnold Schwarzenegger em 1985. O enredo mostra a jovem Sonja em uma jornada para roubar um talismã poderoso para vingar o assassinato de seus pais.
Entenda o caso
O cineasta Bryan Singer enfrenta quatro novas acusações de sexo com menores de idade, publicadas na quarta-feira (23) em um artigo do "The Atlantic". A matéria traz o nome de apenas um dos acusadores, Victor Valdovinos.
Valdovinos diz ter trabalhado como figurante no filme "O Aprendiz", dirigido por Singer em 1998. Segundo ele, o cineasta apalpou seus órgãos genitais em um momento das filmagens - o rapaz tinha 15 anos na época.
Os outros três acusadores são identificados por pseudônimos: um deles, Andy, diz que também tinha 15 anos quando fez sexo com Singer; outro, Eric, comenta que tinha 17 quando começou um caso com o cineasta, que na época tinha 31 anos de idade; o terceiro homem, Ben, diz que fez sexo oral em Singer quando tinha "17 ou 18 anos".
"Ele enfiava as mãos nas calças das pessoas e apalpava, sem consentimento", conta o último acusador sobre sua experiência com o cineasta. "Ele era predatório no sentido que dava álcool e drogas para as pessoas, e então fazia sexo com elas".
Singer respondeu ao artigo através de seu advogado, Andrew Bettler, que negou todas as acusações. A matéria foi publicada um dia depois do último filme de Singer, "Bohemian Rhapsody", ser indicado a cinco Oscar, incluindo melhor filme e melhor ator (Rami Malek) - veja a lista completa.
O cineasta foi demitido da produção, graças a atrasos e conflitos com a equipe, duas semanas antes do fim das filmagens. Embora tenha sido substituído por Dexter Fletcher ("Voando Alto"), Singer ficou com o crédito final de direção.
Singer tem um histórico de acusações de assédio e abuso sexual envolvendo menores de idade.
Em 2014, Michael Egan processou o cineasta, denunciando que ele teria o estuprado "diversas vezes" durante uma viagem ao Havaí - a acusação foi retirada mais tarde. Já em 2017, Cesar Sanchez-Guzman processou o cineasta por tê-lo estuprado em 2003, durante uma festa em um iate. A ação ainda tramita na justiça americana.