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Marcelo Yuka, fundador d'O Rappa, está em estado grave em hospital no Rio

O músico Marcelo Yuka, ex-integrante e um dos fundadores do grupo O Rappa - Marcio Nunes/Divulgação
O músico Marcelo Yuka, ex-integrante e um dos fundadores do grupo O Rappa Imagem: Marcio Nunes/Divulgação

Leonardo Rodrigues e Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

04/01/2019 18h24

O músico Marcelo Yuka, ex-baterista e um dos fundadores do grupo O Rappa, está internado em estado grave no hospital Quinta D'Or, na zona norte do Rio. Geraldinho Magalhães, empresário do artista, confirmou ao UOL que ele está em coma induzido após ser internado, há duas semanas, para tratar uma infecção.

Segundo o UOL apurou, o artista de 53 anos apresenta quadro de infecção generalizada após sofrer, esta semana, mais um derrame cerebral. A saúde de Yuka, que ficou paraplégico em 2000 ao ser baleado em um assalto no Rio, vem se deteriorando desde agosto de 2018, quando ele sofreu um AVC (acidente vascular cerebral).

Notícias sobre a morte do músico ganharam as redes sociais na tarde desta sexta-feira (4) após o empresário do Planet Hemp, Marcello Lobatto, publicar em sua conta no Instagram uma foto ao lado do artista, dando a entender que estava se despedindo do amigo. "Valeu Yuka! Obrigado por tudo! Sentiremos eternamente a sua falta", escreveu ele.

O post foi deletado e ele pediu desculpas pela notícia falsa. "Sinto muitíssimo. Recebi uma ligação de um amigo muito próximo ao Yuka, aos prantos, me informando sobre o falecimento e me precipitei. Já conversei com amigos e familiares e o Marcelo Yuka está hospitalizado, mas vivo. Mais uma vez peço desculpas e vamos continuar rezando pela sua recuperação", escreveu o empresário.

Marcelo Lobatto - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Marcelo Lobatto, da Na Moral Produções, publicou foto com Marcelo Yuka no Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

A assessoria de imprensa do hospital Quinta D'Or apenas confirmou que é a falsa a informação da morte de Marcelo Yuka e que não poderiam "divulgar nada mais além disso."

Na tarde desta sexta-feira, Yuka recebeu a visita do amigo e deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que confirmou que o músico está em coma induzido, em uma situação descrita como "muito delicada e muito grave".

"Ele está vivo, ao contrário das informações que circularam. Agora é esperar as próximas horas. Ele está com medicamento muito forte. Ele teve um novo AVC. Agora é acompanhar cada momento, as horas, os dias, para ver se ele consegue resistir, ter uma melhora e sair dessa situação", disse Freixo por telefone ao UOL.

Carreira

Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana nasceu no Rio de Janeiro em 31 de dezembro de 1965, e trabalha com música desde 1993, quando fundou O Rappa junto com o baixista Nelson Meirelles, o tecladista Marcelo Lobatto e o guitarrista Alexandre Meneses.

Com Yuka como principal compositor, O Rappa logo virou um dos principais destaques do cenário do rock brasileiro, principalmente pelas letras ácidas e por misturar diversos estilos musicais como rock, reggae, dub, rap e samba rap.

Entre as principais músicas escritas por Yuka n'O Rappa estão "Todo Camburão tem um Pouco de Navio Negreiro", "Me Deixa", "Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero)" e "Pescador de Ilusões".

Marcelo Yuka - Daryan Dornelles/Divulgação - Daryan Dornelles/Divulgação
O músico Marcelo Yuka
Imagem: Daryan Dornelles/Divulgação

Em 2000, o baterista ficou paraplégico após se baleado durante uma tentativa de assalto no Rio. A saída dele d'O Rappa se deu no ano seguinte, quando, segundo Yuka, os companheiros de banda o expulsaram por diferenças criativas.

Fora do grupo, Yuka montou o F.U.R.T.O. (sigla para Frente Urbana de Trabalhos Organizados), que seguiu com um estilo semelhante ao do Rappa, marcado principalmente pelas letras ácidas.

No âmbito político, Yuka se filiou ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) em 2010 e saiu como candidato a vice-prefeito no Rio na chapa de Marcelo Freixo em 2012, mas sempre garantiu que não pretende seguir uma carreira política.

Naquele mesmo ano, foi lançado o documentário "Marcelo Yuka no Caminho das Setas", de Daniela Broitman, premiado no Festival do Rio. Ativista, o baterista lançou em 2014 a autobiografia "Não se Preocupe Comigo", falando de sua trajetória e de suas ideologias.

Seu trabalho mais recente na música é o disco "Canções Para Depois do Ódio" (2017), que traz músicas sobre a sociedade atual em uma visão otimista, com parcerias com Céu, Black Alien, Seu Jorge, Bukassa Kabengele e outros convidados. Ele não conseguiu fazer a turnê do álbum por causa de problemas de saúde, mas realizou alguns shows. Paralelamente, Yuka dá vazão também a um lado menos conhecido: o de artista plástico. Pintor diletante, tem centenas de obras em sua casa.