Uniforme de Shazam tem enchimento, mas a culpa não é de Zachary Levi
"Shazam!" só chega aos cinemas em 4 de abril de 2019. O próximo filme da DC, porém, enfrentou sua primeira primeira polêmica mais de um ano antes da estreia, em março, quando vazaram as primeiras fotos de Zachary Levi vestido como o super-herói.
Tão logo as imagens saíram, o uniforme de Shazam virou o centro das atenções do público geek. Entre elogios e críticas, ganharam os holofotes o excesso de músculos do protagonista --bem mais magro em papéis anteriores, como o Chuck da série homônima-- e a aparência extravagante da peça.
Ativo nas redes sociais, Zachary Levi se posicionou após os comentários, revelando uma rotina intensa de exercícios e uma dieta especial para o papel que deve ser o mais importante de sua carreira. Ainda assim, foi acusado de se aproveitar de enchimentos para exaltar sua força, no episódio que ficaria conhecido como #levigate.
O UOL esteve no set do filme em Toronto, no Canadá, em abril, e pôde ver, tocar e até vestir algumas partes do uniforme original. Conversando com os criadores, descobrimos alguns segredos por trás da polêmica peça
Os enchimentos estão lá, mas nada que aumente tão significantemente o tamanho do ator de 1,91 m, o que é perceptível ao encontrá-lo em trajes comuns. Quem esteve na CCXP 2018 (Comic Con Experience) em São Paulo, há uma semana, pôde testemunhar a mudança física do intérprete de Shazam.
Quem vê de perto nota que a textura do tecido, inspirada na Grécia Antiga, também se destaca no uniforme, assim como os tigres desenhados nos botões que prendem a capa. O mais interessante, contudo, são as estruturas escondidas por baixo do traje de Shazam.
Inspiração nos "Novos 52"
"Queríamos dar um ar divertido à roupa e, ao mesmo tempo, mostrar que ele é muito forte", conta a figurinista Leah Butler, que seguiu os conselhos do diretor David F. Sandberg para que o uniforme de Shazam fosse baseado no que se vê na versão dele nos "Novos 52", a fase mais recente da DC nos quadrinhos.
Antes de começar a desenvolver a peça, Leah visitou o acervo da Warner Bros. para buscar inspiração em uniformes de outros heróis que já passaram pelo cinema, como Superman e Batman. "Ele é mais orgânico, se parece menos com um robô, já que o Shazam nada mais é do que um garoto que se transforma em um super-herói", justifica.
O uniforme do super-herói que faz sua estreia no universo cinematográfico da DC é confeccionado em tecido totalmente flexível e com linhas e texturas desenvolvidas em 3D. Um dos grandes desafios da equipe de Leah foi adaptar a roupa para esconder toda a parafernalha necessária para que o raio do peito de Shazam e os punhos do herói acendessem de verdade, atendendo a mais um pedido do diretor.
"O raio é desenhado de uma forma que tem que se encaixar no peitoral. Conseguimos chegar a esse formato que se comprime no peito dele e, além de tudo, o raio acende de verdade. É sempre um desafio criar algo que acenda no próprio corpo", diz a figurinista, que teve de encontrar formas para esconder a fiação e as baterias por baixo do tecido esculpido no corpo. A confecção do uniforme leva, no mínimo, 16 semanas.
O ator aumentou seus músculos com uma dieta de 4.000 calorias por dia baseada em proteínas e gorduras boas, suplementos, e musculação de 5 a 6 vezes por semana. Com o passar das semanas e as mudanças no corpo de Zachary, novos ajustes no uniforme tinham de ser feitos. Além da estilista e de um escultor de verdade, outras dezenas de pessoas estão envolvidas no processo, entre eles designers e eletricistas.
"Tem uma bateria nas costas que é acessa remotamente por um operador do departamento elétrico. Tem fios que passam pelo uniforme e controles escondidos. Ainda assim, conseguimos um sistema de iluminação bacana e prático", comenta Leah, antes de pedir que Damien Segee, chefe do departamento artístico, explique como os sistemas se disfarçam perfeitamente na roupa.
Enchimento? Não! Preenchimento
"Há uma estrutura de elastano com músculos de espuma. Cada músculo foi esculpido no corpo do Zachary para destacar as formas naturais dele e os movimentos. Em algumas áreas não é necessário, como nos cotovelos, bíceps e tríceps. Mas o peitoral e outras partes precisam estar alinhados com a forma do resto do corpo", explica o profissional sobre o encaixe perfeito da "caixa de luz" no peito do ator.
Ao tocar o uniforme, é possível sentir pequenas áreas preenchidas no peito e nas coxas. "Se a gente não tivesse colocado alguns enchimentos ia ficar um vazio por causa da proporção maior dos ombros ou da proteção nas partes íntimas. É preciso preencher para ficar equilibrado", resume Segee.
A capa branca com touca é outra grande aliada dos artistas que desenvolveram a roupa. Graças a ela é possível esconder o volume das baterias e o sistema de microfones. Uma bateria recarregável dá autonomia de 2 horas para as luzes do uniforme e um receptor sem fio permite que um técnico controle à distância a intensidade das mesmas. "Não sei como faríamos sem a capa", admite Leah Butler, que já havia trabalhado com Zachary Levi na série "Chuck" e com David F. Sandberg em "Annabelle 2".
O uniforme completo pesa cerca de 15 kg, concentrado principalmente os acessórios de Shazam. Ainda assim, eles são maleáveis para não limitar os movimentos e nem machucar o ator. Desenvolvidos em material flexível de aparência metálica, as peças removíveis também foram moldadas no corpo de Zachary para acompanhar o desenho da roupa.
Repetida por atores que interpretam super-heróis, a clássica reclamação do banheiro é solucionada com um zíper invisível pensado estrategicamente para isso. Ainda assim, Zachary precisa de auxílio para por e tirar a roupa. Em caso de qualquer acidente, outras nove peças estão à disposição. "Temos sorte que o Zach e seus dublês já tiveram muitas quedas com essa peça, e ela durou. Temos dez uniformes, mas ainda assim tivemos bastante sorte", conclui Leah orgulhosa do trabalho desenvolvido.
Após tantas explicações técnicas, os jornalistas foram convidados a provar parte do uniforme que, poucos minutos depois, seria usado por Zachary Levi para gravar uma das cenas. Assim como acontece com o ator, tivemos o auxílio de uma pessoa para vestir partes da roupa --neste caso, a própria figurinista e sua assistente. Provamos a capa, os punhos (que também acendem) e o cinturão. É o suficiente para se sentir como uma criança que, de repente, descobre que tem superpoderes.
*A jornalista viajou a convite da Warner Bros.
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