Quadrinista brasileiro da Marvel conta por que não desenha herói criado pelo pai
Um dos primeiros super-heróis brasileiros, o Flama, corre o risco de nunca mais aparecer em histórias em quadrinhos. Pelo menos pelo traço de Mike Deodato Jr., Flama não será mais desenhado. O quadrinista brasileiro, que é filho do criador do herói, Deodato Taumaturgo Borges, disse que não tem mais condições psicológicas para desenhar o personagem após a morte do pai em 2014.
O personagem Flama foi criado nos anos 1960 e naquela época protagonizava aventuras em uma radionovela transmitida pela Rádio Borborema, de Campina Grande, na Paraíba. Com o sucesso na rádio, o pai de Deodato levou o herói para as HQs em "As Aventuras do Flama", considerada a primeira revista em quadrinho da Paraíba, que durou apenas cinco edições.
Quando fala sobre o personagem, Mike Deodato se emociona e chora porque se lembra do pai. Ele, que gosta de brincar com a fama de "cabra macho que não chora", não resistiu e foi às lágrimas ao responder uma pergunta de um fã durante a CCXP 2018 sobre o projeto de desenhar o Flama, que está parado.
"Eu e meu amigo Rodrigo Salém trabalhamos juntos no roteiro. Mas, então, meu pai morreu na mesma época e eu não consegui", disse Deodato, que interrompeu a resposta após se emocionar.
Mike Deodato Jr. nasceu em Campina Grande, na Paraíba, e é um dos quadrinistas brasileiros mais bem sucedidos no exterior, com trabalhos para a DC e para a Marvel. O artista já desenhou heróis como Thor, Hulk, Homem-Aranha, Mulher-Maravilha e Batman. Seus trabalhos mais recentes envolvem os X-Men e Wolverine. Mike revelou ainda que está trabalhando em um projeto da Marvel para trazer o personagem Conan de volta para a editora, depois de 15 anos sendo publicado pela Dark Horse.
Flama não era um herói com super poderes. De acordo com Mike, ele era como o Batman e usava a inteligência e a própria força para combater o crime. Antes do pai morrer, Mike tinha um projeto praticamente pronto para lançar novamente o herói. "É por isso que eu não consigo mais desenhar o Flama. Me lembro do meu pai, não tem como", disse. "Pronto, agora vocês já podem dizer que viram o cabra macho da Paraíba chorar. Obrigado por isso. Eu precisava chorar por ele", completou.
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