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Casamento com Lois Lane na TV levou a "morte" de Superman nos quadrinhos

Painel com desenhistas do Superman na CCXP - Felipe Branco Cruz/UOL
Painel com desenhistas do Superman na CCXP Imagem: Felipe Branco Cruz/UOL

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

06/12/2018 16h15

Com 80 anos de criação, o Superman já passou por muitas fases, algumas delas bem polêmicas, como o arco de sua morte nos anos 90. Nesta quinta-feira (6), em um painel em homenagem ao super-herói na CCXP 2018 (Comic Con Experience), os quadrinistas John Romita Jr., David Michelinie, Tom Grummett, Ivan Reis e Joe Prado discutiram a evolução das histórias do filho de Krypton. E a decisão de matar o Superman nas HQs teve muito a ver com o que aconteceu na televisão.

"Não queríamos matar o Superman. Queríamos apenas planejar um casamento. Mas aí veio aquela série de TV "Lois e Clark - As Novas Aventuras do Superman" e os personagens se casariam na TV. Como ficaria estranho ele casar na TV e nos quadrinhos, nós fomos lá e matamos ele. Acho que o dia que o Superman morreu, não tinha muitas notícias rolando e a notícia de sua morte viralizou na imprensa antes do termo "viralizar" existir", afirmou Grummett, um dos desenhistas da edição da morte do herói.

Capa de Superman - Reprodução/DC Comics - Reprodução/DC Comics
Capa de HQ dos anos 90 em que o Superman morre
Imagem: Reprodução/DC Comics
Depois da morte e ressurreição, e aos 80 anos de idade, o Superman ainda segue relevante nos quadrinhos? Os artistas acreditam que sim. "Hoje em dia o Superman é mais relevante do que nunca. É um cara que sempre faz as coisas certas porque é certo. São os valores que os pais adotivos passaram para ele. Eu acho que isso ainda é muito relevante. É um tipo de exemplo", disse Tom Grummett. "Tem gente que é fã do Batman, mas eu não sou um desses".

Para John Romita Jr., o que tornou o personagem fantástico foram seus criadores, numa época extremamente turbulenta do pós-guerra. "Me sinto intimidado ao trabalhar com Superman porque outros quadrinistas geniais já trabalharam com ele", afirmou. O quadrinista David Micheline afirmou que existe muito mal no mundo e precisamos recuperar o Superman dentro da gente.

Já o brasileiro Ivan Reis disse que existe uma necessidade de representação de todos nos quadrinhos, mas o Superman já representa isso, porque ele é um ideal. "O personagem que carrega o símbolo do S precisa carregar essa responsabilidade", afirmou Reis.

"Quando você se conecta com o Superman vem uma responsabilidade muito grande. Ele já tem 80 anos e o que ele representa são coisas diferentes para pessoas diferentes. Não dá para ir lá e fazer o que você quer fazer. Ele é uma vela de aniversário no bolo de uma criança. Uma camiseta de um jovem. Temos que tomar muito cuidado porque esse personagem significa várias coisas diferentes para muitas pessoas", completou Grummett.

Ivan Reis falou da importância em recontar a história dos heróis. "É importante rever os heróis de tempos em tempos e recontar sua história. Nos anos 1980, com 'Men of Steel' foi um pouco disso: Guerra Fria, megaempresários, etc. Foi o que fizemos naquela época, porém sem perder as peças principais do que ele é", disse Reis.

John Romita Jr., que trabalhou durante 30 anos na rival Marvel e migrou em 2014 para a DC, aproveitou para falar de seu novo projeto com o Superman, o "Ano Um", no selo da DC Black Label.

"Eu não quis mudar o Superman e sim aprofundar. Contamos a história do Superman na infância. Nós pensamos: o que aconteceria com uma criança na Terra com superpoderes? Não é uma releitura e, sim, uma expansão da história do herói na infância".