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Filho de Renato Russo não receberá indenização de R$ 50 mil contra a tia

Renato Russo em 1990, no show da banda Legião Urbana no Parque Antarctica, em São Paulo - Adi Leite/Folhapress
Renato Russo em 1990, no show da banda Legião Urbana no Parque Antarctica, em São Paulo Imagem: Adi Leite/Folhapress

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

20/11/2018 20h04

A Justiça de Brasília decretou na última segunda-feira (19) que Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, não receberá a indenização de R$ 50 mil por danos morais que moveu contra a tia.

O herdeiro do vocalista da Legião Urbana entrou na justiça contra Carmen Teresa Manfredini por ela ter escrito uma carta em abril deste ano relatando a preocupação da família com o futuro do espólio do ícone da música brasileira.

A indignação de Carmem era que Giuliano organizou um bazar beneficente com objetos que pertenciam a Renato Russo, entre eles móveis, roupas, LPs, livros e vários outros itens decorativos.

"[Os objetos] são reminiscências de artigos pessoais do dia a dia do Renato", argumentou Giuliano em entrevista à rádio 89 FM em abril. "Roupas, pijama, mobília, cabeceira. Essas coisas que não pertencem ao patrimônio artístico/cultural dele. Para a causa do Retiro dos Artistas, têm valor muito grande, para eles cuidarem dos artistas velhinhos".

Segundo o herdeiro, o acervo mais relevante, ligado diretamente à obra do pai, foi recuperado, catalogado e tratado com o maior cuidado possível por funcionários do MIS (Museu da Imagem e do Som), após virarem uma megaexposição realizada no museu entre setembro de 2017 e janeiro deste ano.

12.mai.2014 - Filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, no quarto que foi do pai, no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro - André Lobo/UOL - André Lobo/UOL
12.mai.2014 - Filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, no quarto que foi do pai, no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro
Imagem: André Lobo/UOL

Na ação, o filho do cantor alegou que a carta aberta que a tia escreveu causou danos à sua imagem por expor questões pessoais e reiterou que a tia e os avós, responsáveis por cuidar da herança de Renato até que Giuliano fosse maior de idade, não deram devido cuidado aos bens do cantor e à empresa Legião Urbana Produções Artísticas.

Na ocasião, Carmem se defendeu das acusações do sobrinho e garantiu que, junto com a mãe, Carminha Manfredini, cuidou do legado do vocalista da Legião da melhor maneira possível.

O juiz Redivaldo Barbosa, da 7ª Vara Cível de Brasília, analisou que a manifestação de Carmem foi legítima, por "se tratar de familiares de pessoa pública tão relevante no cenário artístico nacional e pela ausência de comunicação direta" entre a família.

Já sobre o conteúdo do texto, Redivaldo não encontrou trechos que denegrissem a imagem e a honra do filho de Renato Russo.

"A despeito de expor a aparentemente fria relação familiar havida entre as partes, a carta aberta apenas faz juízo de valor sobre a decisão de doar bens do músico sem a comunicação aos demais familiares, trata da falta de comunicação entre os membros da família e da repercussão que tais fatos impuseram à senhora Carminha Manfredini [avó de Giuliano] e à ré.

O que a defesa diz

Em comunicado enviado ao UOL, o advogado de Giuliano, Sérgio Bermudes, argumenta que que a sentença noticiada padece de vícios "que acreditamos serão corrigidos oportunamente pelo judiciário."

Para o advogado, a decisão ignorou o fato de que "todo o acervo do artista Renato Russo foi primorosamente cuidado pelo seu filho e devidamente exposto ao público como forma de compartilhamento e manutenção de sua inestimável memória cultural" em parceria com o MIS.

A defesa ainda ressalta que "causa estranheza e indignação" a afirmação da tia de Giuliano sobre uma possível “'dilapidação da memória' a iniciativa de doar em caráter beneficente para um bazar em apoio ao Retiro dos Artistas" sem expressão artística e cultural.

"A ação movida contra a ré visa contrapor a grave mentira propagada pela Sra. Teresa Manfredini com o intuito de denegrir a imagem do legítimo herdeiro de Renato Russo", salienta Bermudes. "Isso fica evidente pelo fato de que a ré tinha ciência do trabalho de preservação, inclusive com a visita que fez à exposição no MIS dois meses antes da carta ofensiva."

Por fim, a defesa garante que desde o início da ação "quaisquer valores eventualmente apurados na demanda judicial" seriam direcionados ao Retiro dos Artistas.