Topo

"Walking Dead" brincou de novo com fãs ao selar destino de Rick

Rick (Andrew Lincoln) em cena da nona temporada de "The Walking Dead" - Divulgação
Rick (Andrew Lincoln) em cena da nona temporada de "The Walking Dead"
Imagem: Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

05/11/2018 16h40

ATENÇÃO: O texto abaixo contém spoilers de "The Walking Dead". Não leia se não estiver em dia com a série. 

A tão alardeada despedida de Rick Grimes de “The Walking Dead”, no último domingo (4), provou ser mais um “até logo” do que um “adeus” com a revelação de que o xerife ainda retornará para nada menos do que três filmes. Foi uma decisão surpreendente, e até ousada, não matar o personagem (não ainda, pelo menos); a série, no entanto, deixou um gosto amargo ao usar mais uma vez o recurso de enganar o espectador para manter sua fidelidade – e acabou tirando um pouco do brilho do que foi seu melhor episódio nos últimos anos.

O adeus de Rick, oficializado em junho, vinha sendo anunciado com pompa: o ator Andrew Lincoln se despediu dos fãs durante a Comic-Con de San Diego, e nos meses seguintes tanto ele quanto seus colegas deram incontáveis entrevistas falando sobre o iminente adeus do protagonista da série. Veículos especializados, também, publicaram vários relatos sobre o futuro de “TWD” sem Rick. Nunca foi dito, é verdade, que o xerife morreria; mas subentendia-se que, no mínimo, ele não voltaria a dar as caras.

Leia também

O problema é que “Walking Dead” tem um longo histórico de brincar com as emoções dos fãs em pegadinhas semelhantes ao estilo “morreu ou não?”. A mais infame é a que envolveu Glenn (Steven Yeun) na sexta temporada: o rapaz caiu de uma lixeira em meio a uma horda de zumbis, e só dois episódios mais tarde foi revelado que ele estava muito bem, obrigado, já que havia conseguido se esconder abaixo da lixeira. Foi um golpe rasteiro que não fez nada além de fomentar um suspense vazio – e que acabou involuntariamente invocado na virada de sorte de Rick, que passou todo o seu último episódio à beira da morte antes de ser milagrosamente resgatado por Jadis (Pollyana McIntosh) e levado de helicóptero a um local desconhecido.

Isso só torna mais difícil de engolir o anúncio de que a história de Rick ganhará continuidade em três filmes, feito logo após a “despedida” do personagem. Tendo em vista o rumo que a série tomou nos últimos anos, com a audiência em queda livre, a manobra soa como uma tentativa afoita para manter os espectadores presos a todo custo – e não é exatamente um bom sinal a notícia de que os filmes serão escritos por Scott Gimple, o principal responsável pelo ciclo repetitivo em que “The Walking Dead” entrou nos últimos anos.

Seguir pelo caminho da expansão de um universo compartilhado, que já conta com a derivada “Fear the Walking Dead”, era uma aposta mais segura quando a fórmula da série original não estava tão desgastada. Agora, a equipe precisa torcer para que o buzz em torno das movimentações no tabuleiro gerem interesse suficiente para estancar a fuga de espectadores e compensar o investimento nos novos produtos

Há esperanças, claro. Como provou seu episódio mais recente, “TWD” ganhou frescor com a chegada da showrunner Angela Kang, que tem aproveitado bem o talentoso elenco a sua disposição; e, de fato, há muito a ser explorado com Rick distante. Quem são e o que querem, afinal, os donos do misterioso helicóptero? E que raios significam os ‘A’ e ‘B’ que tanto eles falam? Na história fechada de um filme, esses e outros mistérios podem ser resolvidos sem enrolação, uma mudança bem-vinda ao universo dos mortos-vivos.

Para o ator Andrew Lincoln, foi um ótimo negócio. Ele pode continuar a ser um dos protagonistas mais famosos da TV sem ter que passar metade do ano gravando longe de sua família, fator que motivou seu pedido de afastamento da série.

Os fãs, por outro lado, terão que pagar para ver se “The Walking Dead” irá voltar às boas em suas incursões futuras ou se retornará a outro mau hábito: o de prometer muito e não cumprir.