Mesmo após eleições, política ainda domina falas em abertura do Festival do Rio
A abertura do Festival de Cinema do Rio 2018, na noite desta quinta-feira (1), no Cine Odeon, teve tom político, mesmo após o fim das eleições. A 20ª edição do evento ocorre na mesma semana em que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou a fusão dos Ministérios da Cultura, Esportes e Educação, o que gerou incertezas no meio artístico.
"Temos um ministério que nos foi tirado. Torço para que [o novo governo] dê certo, mas sabemos de ganhos que foram jogados por água abaixo. O próprio festival teve dificuldades de acontecer. O momento é delicado, mas acredito em nossa união", disse o ator Marcelo Serrado.
O festival, que tradicionalmente acontece no início do mês de outubro, foi adiado por um mês por conta da dificuldade dos organizadores em captar patrocínio. No ano passado o evento perdeu a parceria da Prefeitura do Rio e exibiu 250 filmes. Neste ano, ainda sem a participação do Executivo carioca, a mostra terá 200 filmes.
"O que vamos entregar em dez dias de festival é o resultado de um esforço enorme. Quero dizer aqui que o festival é feito com a Lei Rouanet", disse Ilda Santiago, uma das diretoras da mostra.
A Lei de Incentivo à Cultura, que permite aos produtores captarem recursos de empresas que têm abatimentos de impostos, foi criticada por apoiadores de Bolsonaro durante as eleições porque muitos artistas fizeram propaganda contra o presidente eleito.
"Cultura é fundamental para o desenvolvimento, é indústria, gera emprego e paga impostos", afirmou Vilma Lustosa, também diretora do festival.
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Para a atriz Betty Faria, o novo presidente deve valorizar o cinema brasileiro. "O povo precisa de cultura e gosta de cinema. Espero que o presidente eleito tenha carinho pela nossa cultura e cinema. Agora é o momento do país se unir. Não tem mais isso ou aquilo. O importante é o país unido", disse a atriz.
Antonia Fontenelle também passou pelo tapete vermelho da abertura do festival. Ela foi uma das poucas artistas que demonstrou apoio a Jair Bolsonaro e disse estar otimista com o próximo governo, mesmo na área da cultura.
"O povo não conhece como funciona a Lei Rouanet. O que o atual presidente quis dizer é que tem atores que giram sempre em torno da mesma panela. É um sistema viciado que tem que mudar de mãos e briguei para isso. Estou muito esperançosa. Amigos que já estavam de malas prontas para sair do Brasil desfizeram as malas e estão esperançosos. A pasta da Cultura [junto] com outras é loucura, mas é mudança, não estamos acostumados. E se der certo? Vamos esperar para ver", afirmou Antonia.
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