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Roger Waters faz homenagem a Moa do Katendê no show de Salvador

Roger Waters se apresenta em São Paulo - Reinaldo Canato / UOL
Roger Waters se apresenta em São Paulo Imagem: Reinaldo Canato / UOL

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

18/10/2018 07h24

O ex-Pink Floyd Roger Waters, que vem fazendo barulho em sua turnê pelo Brasil por conta de suas posições políticas, mostrou mais uma vez que está antenado no cenário do país. Na noite de quarta-feira, na Arena Fonte Nova, em Salvador, seu show teve como novidade uma homenagem a Moa do Katendê, mestre de capoeira morto em discussão política.

Roger Waters manteve um dos pontos mais polêmicos do show no intervalo, quando exibe o nome do candidato à presidência Jair Bolsonaro na lista de neofascistas que comandam ou podem comandar grandes nações - junto à mensagem "ponto de vista político censurado".

Na capital baiana, mais uma vez foi entoado o grito de #EleNão, contra o deputado e capitão reformado, com a maioria dando apoio à mensagem do baixista e vocalista. A hashtag #EleNão não foi exibida no telão - o que aconteceu só no primeiro show da turnê, em São Paulo.

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A homenagem a Moa foi perto do encerramento do show e marcou um momento de emoção para o público e para Waters - que escolhe o começo do bis para discursos mais emotivos e costuma fazer gestos de que está abraçando o público.

"Eu quero apenas ter um momento para relembrar um dos seus. Esse é um grande artista local. Ele foi brutalmente assassinado durante o processo eleitoral e era um grande exemplo para todos nós em espalhar amor, humanidade e coragem", disse Waters, que postou este momento do show em seu Instagram. "Lembrem-se do mestre Moa. Obrigado por uma noite emocionante, Salvador", ele legendou.

REMEMBER MESTRE MOA. THANK YOU FOR AN EMOTIONAL NIGHT, SALVADOR

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Moa foi assassinado com 12 facadas, no que se investiga que tenha sido uma discussão política, em que teria se posicionado contra Bolsonaro, na madrugada de 8 de outubro, dia seguinte à votação do primeiro turno das eleições. 

No repertório, uma mudança importante: saiu "Mother", um clássico do "The Wall" que tem uma letra bastante política, e entrou "Two Suns In The Sunset", do polêmico álbum "The Final Cut" - último em que Waters tocou no Pink Floyd e já marcado por intensas brigas entre os integrantes. Esta música nunca havia sido tocada ao vivo.

Em outro momento de impacto, que se repete a cada show, 12 crianças de projeto social subiram ao palco para cantar "Another Brick in the Wall, Pt. 2", que é encerrada com a palavra "Resist" em letras garrafais no telão.