Sonho, soco na parede e olho roxo: como foi feito "10 Segundos para Vencer"
A trajetória que fez de Eder Jofre um campeão mundial em duas categorias de boxe, nos anos 1960 e 1970, é cheia de elementos que justificam um filme como “10 Segundos para Vencer”, que estreou quinta-feira nos cinemas, com Daniel de Oliveira no papel do Galo de Ouro. Mas, da ideia inicial para o filme pronto, foi preciso passar uma década, marcada por um sonho que deu origem ao projeto e uma visão de Daniel para que ele virasse o Eder nas telas.
“10 Segundos para Vencer” foi uma criação de Thomas Stravos, que esteve na produção e no roteiro do filme. E ele conta que foi um sonho que o fez jogar tudo para o alto e colocar como objetivo de sua carreira levar a história de Eder às telas. Primeiro, sozinho. Depois, o projeto decolou, tanto que chegou à Globo Filmes e deve ser transmitido como minissérie na Rede Globo no futuro.
“Para mim é muita emoção me ver com esse time de pesos pesados”, disse Stravos, referindo-se ao elenco estrelado, com Daniel de Oliveira e Osmar Prado, além da direção de José Alvarenga Jr.. “Eu tive um sonho há dez anos em que eu lutava boxe e me chamavam de Eder Jofre. Eu acordei e larguei tudo para ir atrás desse sonho.”
Stravos foi atrás do próprio Eder Jofre e conseguiu a bênção do Galo de Ouro para que sua empreitada tivesse início.
O projeto demorou a se desenrolar. E é curioso que Daniel Oliveira conta que teve não um sonho, mas uma espécie de visão de que um dia viveria Eder nas telas. Daniel luta há muitos anos krav maga e sempre teve algum interesse no pugilista – “eu tinha o documentário dele em casa”.
“Há uns anos, eu estava em São Paulo, em um hotel, tomando banho. De repente fechei o punho e soquei a parede... Disse em voz alta que interpretaria o Eder nos cinemas. Não sei de onde tirei esse pensamento. Bem coisa de maluco”, contou Daniel. Ele chegou a entrar em contato com o ex-pugilista. “Eu queria fazer o senhor no cinema”, disse Daniel, para saber em seguida que já havia um projeto em desenvolvimento, justamente o de Stravos.
Foi só anos mais tarde que apareceu um convite para “10 Segundos Para Vencer, prontamente aceito pelo ator. O mineiro fez uma preparação pesada para ficar com a forma física e os movimentos de um pugilista e chegou a pegar dicas com o próprio Eder Jofre.
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Daniel conta que chegou a fazer um quartinho em sua casa dedicado a Eder e que tentou frequentar ao máximo ambientes de boxe. “Onde tinha ringue, eu estava”. A dedicação era tanta que lhe sobraram dois olhos roxos, em acidentes nos ensaios e filmagens. “Em vez de terem que me maquiar para ficar de olho roxo, tinham que maquiar para apagar”, riu o ator.
O mineiro ainda relembrou seu primeiro contato com boxe. Aos 7 anos, quando morou por um ano em um acampamento de brasileiros no Iraque, ele lembra que trocou sua coleção de Playmobil por um par de luvas de boxe. Ele e os amigos brincavam de lutar, mas acabaram repreendidos quando a pancadaria ficou pesada demais.
Osmar Prado e a relação pai e filho
Um dos destaques do filme, interpretando o pai e técnico de Eder, Kid Jofre, Osmar Prado também tem uma relação curiosa com a trama.
Ser Kid Jofre é fazer o papel de um homem sério, disciplinador. O técnico de boxe aparece questionando a opção de Eder Jofre, em certo ponto da carreira, de querer estudar desenho, sua segunda paixão.
Com Osmar, foi parecido. “Minha memória registrava que o Kid era austero, de disciplina espartana. Eu procurei entender o que era ser aquele ex-boxer, treinador do próprio filho. E meu pai era um homem austero. Ele tinha emoção, mas era duro. Tivemos embates muito fortes”, revelou o ator, que também teve problemas em conseguir seguir sua carreira nas artes.
Osmar Prado ganhou prêmio de melhor ator no Festival de Gramado por sua interpretação de Kid Jofre. “Eu peguei tudo o que eu tinha e joguei nesse personagem”, disse o ator, que chegou a se emocionar em coletiva de imprensa, ao falar do prêmio conquistado.
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