Além do boxe: "10 Segundos para Vencer", filme sobre Eder Jofre, é sobre pai e filho
Os brasileiros ouviram pelo radinho as vitórias e a chegada ao inédito título mundial de boxe de Eder Jofre, lá nos anos 1960. Quase seis décadas depois, as conquistas do eterno Galo de Ouro chegam às telas de cinema nesta quinta-feira (27) em "10 Segundos para Vencer" e aquela tecnologia antiga dá lugar a efeitos de ponta para recriar ginásios e cenários da caminhada do pugilista.
O resultado é o retrato de uma história tocante, marcada no longa-metragem principalmente pelo relacionamento entre Eder (Daniel de Oliveira) e seu pai e treinador, Kid Jofre (Osmar Prado), mas com alguns exageros e liberdades no roteiro para fins dramáticos na trama.
Eder Jofre foi o primeiro brasileiro a conquistar um cinturão mundial de boxe, como peso galo, e depois repetiu o feito, já na reta final da carreira, como peso pena. Sua trajetória acabou virando a mais vitoriosa do clã de pugilistas que surgiu da mistura das famílias Jofre, de seu pai argentino, Kid, e dos Zumbano, de sua mãe, Angelina.
"10 Segundos para Vencer" resume a jornada de Eder, de criança até seu segundo título mundial. O projeto teve início há uma década com criação de Thomas Stravos. Conhecido por muitos trabalhos em comédia, José Alvarenga Jr. assumiu a direção, com a missão de ressaltar a emoção da história de Eder e com o desafio de retratar sua carreira nos ginásios lotados em que o brasileiro lutou.
Pai e filho, técnico e lutador
Daniel de Oliveira é quem vive Eder nas telas, e tem sucesso na empreitada. Além de ter moldado o corpo para viver um pugilista, ele mostrou empenho em sua missão de aprender boxe e, tanto nas cenas de treinos, como nas de luta, convence de que sabe o que está fazendo.
Como o que se destaca na trama é a relação de pai e filho, mestre e discípulo, Osmar Prado acaba se sobressaindo no papel de Kid Jofre. Em uma de suas atuações mais marcantes, já reconhecida com um prêmio de melhor ator no Festival Gramado, o ator passa na telona toda a dificuldade de um convívio complicado entre o jovem lutador e um técnico que vê necessidade de ser duro e disciplinador, mas que tem dificuldades de se abrir e expor o carinho que sente por Eder.
Além do ar sisudo e quase ranzinza que é dado a Kid Jofre - que fuma um cigarro atrás do outro -, Osmar ainda se destaca pelo sotaque meio argentino, meio paulistano do técnico, e pelos momentos de maior emoção do filme, quando acaba roubando a cena em relação a Daniel de Oliveira como Eder, mesmo nas cenas de luta e das conquistas de título do pugilista.
Para quem conhece a história de Eder - amplamente retratada em livros como "O Galo de Ouro", de Henrique Matteucci, e no documentário "Quebrando a Cara", de Ugo Giorgetti - algumas escolhas no roteiro acabam mostrando certo exagero em relação ao que ele viveu, com a escolha de caminhos que adicionassem emoção em pontos-chaves da trama. O desenvolvimento da doença que levaria Kid Jofre à morte e algumas passagens na trajetória de lutas são exemplo disso, mas não chegam a prejudicar o roteiro.
Por outro lado, há passagens que poucos conhecem, como a fase de Eder pelo circo, durante uma pausa em sua carreira profissional, e uma atenção especial à sua relação com o irmão, Dogalberto.
Tecnologia para lotar ginásios
Uma das preocupações da direção e da produção do longa e que, segundo eles próprios, fez o projeto demorar mais a ser concluído, foi a tecnologia. Em coletiva na exibição para a imprensa, o diretor José Alvarenga Jr. explicou que as cenas com ginásios cheios tiveram muito uso de efeitos de pós-produção para representar a plateia lotada e o visual da época em que Eder lutava.
"Tivemos muitos períodos de espera por conta disso, muito das cenas de luta foi criado em computação gráfica. Foi um filme difícil de executar, ninguém nesse país faz um filme desse tamanho com facilidade", afirmou ele.
O resultado se vê na tela, com um retrato que convence o espectador de estar sendo transportado para os anos 1960 e 1970. As cenas de luta também tiveram atenção especial - e só em poucas ocasiões caíram no clichê e nos exageros dos filmes de boxe.
O diretor conta que pôde usar a velocidade dos pesos galo e pena, categorias mais leves, em que Eder lutava, para dar uma cara diferente e mais veloz às coreografias de combate, usando muito o artifício de levar a câmera para dentro do ringue e mostrar de perto os socos desferidos - e levados - por Eder Jofre.
Além de Osmar Prado, Ricardo Gelli também foi premiado em Gramado por sua atuação, interpretando Zumbanão, tio de Eder.
"10 segundos para vencer" estreia nesta quinta-feira nas salas de cinema brasileiras e tem planos de posteriormente ser destrinchado em uma minissérie na Rede Globo.
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