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Por que "Buscando..." é o melhor suspense (sem fantasma) de 2018

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

20/09/2018 04h00

Se “Um Lugar Silencioso” ganhou da crítica o selo de “suspense do ano”, o novo “Buscando...”, que estreia no Brasil nesta quinta (20), já se apresenta como um forte concorrente do filme de John Krasinski. Estrelado pelo sul-coreano John Cho e com elenco principal de origem asiática, o longa dirigido pelo estreante Aneesh Chaganty é obrigatório para quem ama o gênero mas não necessariamente os temas sobrenaturais.

Instigante, a trama de “Buscando...” acompanha David Kim, um pai viúvo que decide investigar o misterioso desaparecimento da filha de 16 anos. Há poucas pistas e uma enxurrada de reviravoltas no roteiro, que dão a sensação constante de que algo importante e inacreditável está para acontecer —uma das fórmulas mais certeiras do gênero.

Com poucos sustos e muita apreensão, o filme traz diversos outros atrativos, além de ser coestrelado pela atriz Debra Messing (a Grace de “Will & Grace”), que interpreta a investigadora do caso. Veja abaixo por que “Buscando...” merece sua ida ao cinema.

Cena de "Buscando..." - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Formato original

John Cho já confessou que por pouco não pulou fora do projeto quando foi convidado. A premissa era ousada demais: um filme 100% do tempo contado por meio das telas de notebooks, celulares e tablets. De detalhes de enquadramento aos diálogos, passando pela construção dos personagens e a busca frenética pela desaparecida, tudo é moldado por sites, programas, webcams e aplicativos. É como se o meio digital fosse os olhos do cineasta, e a estratégia funciona. Nossa dependência tecnológica nunca foi explicitada de forma tão intensa em um filme, com uma proposta e execução originais.

Cena de "Buscando..." - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Investigação realista

Muitos têm curiosidade em conhecer detalhadamente como é o trabalho de um detetive particular ou como a polícia fareja e persegue autores de crimes. Quando tudo parece um mistério, o interesse cresce. A dissecação da metodologia investigativa é um dos chamarizes do longa que, em função do próprio formato de “Buscando...”, consegue ir a fundo nesse processo de forma equilibrada. Sem o exagero maçante de certas séries e filmes, a criminalística é tratada com realismo e ferramentas digitais que conhecemos bem.

John Cho em "Buscando..." - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Pioneirismo de John Cho

Você deve se lembrar dele em “American Pie”, em “Madrugada Muito Louca” ou em filmes da franquia “Star Trek”, mas John Cho é muito mais que isso. Em “Buscando...”, ele exibe dotes dramáticos que já estão lhe rendendo o título de ator asiático número 1 de Hollywood. A evolução dele como ator é notável no longa, em que atua de forma exasperadamente convincente. Outro destaque que vale ser mencionado: é a primeira vez que um asiático-americano protagoniza um filme de suspense nos Estados Unidos.

Cena de "Buscando..." - Divulgação - Divulgação
O diretor Aneesh Chaganty e o ator John Cho no set de filmagem
Imagem: Divulgação

Roteiro inteligente

Desde os tempos de Sherlock Holmes, temos um prazer quase doentio de tentar desvendar por conta própria a autoria de crimes. A partir do rastro de migalhas, construímos teorias e tentamos montar o quebra-cabeça. Com um roteiro inteligente em que as informações são reveladas aos poucos, “Buscando...” instiga o público a mergulhar na história sem se prender a saídas fáceis. Pistas (e não pistas) são jogadas na nossa cara, e, ainda assim, o desfecho consegue surpreender.

Trilha sonora

Sejamos francos. Ninguém assiste a filme só por causa da trilha sonora, mas é fato que as composições de Torin Borrowdale acertaram na mosca o tom do longa. O suspense ganha ação e esteroides com temas que misturam influências de Vangelis, Mike Oldfield e Philip Glass, entre muitas outras boas referências. A edição de som também é digna de nota. Na dúvida, escute.