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Negra Li fala sobre Aretha Franklin: "Eterna rainha representante da voz negra"

A cantora Aretha Franklin - Reprodução
A cantora Aretha Franklin Imagem: Reprodução

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

16/08/2018 18h42

A cantora Negra Li lamentou a morte de Aretha Franklin nesta quinta-feira (17) e exaltou a rainha do soul como a "eterna representante da voz negra".

"Falar de Aretha Franklin no dia do seu falecimento é uma mistura de honra, amor e tristeza", disse Negra Li em comunicado enviado ao UOL. "Sua voz inconfundível, sua essência e sua presença mágica no palco são quesitos indiscutíveis. Além disso, como experiência pessoal, os caminhos trilhados pro ela me inspiraram, talvez por ironia do destino, ambas viemos do mundo gospel, e a história dela quebrando diversos tabus com sua voz me fizeram a cantora que sou hoje."

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Aretha começou na música em uma época conturbada dos Estados Unidos, quando o racismo era ainda mais evidente e as mulheres não eram representadas como deveriam. Um dos grandes sucessos da cantora foi justamente uma ode à força feminina, "Respect", em que pedia ao marido "um pouco de respeito quando você chegasse em casa".

A cantora Negra Li - Reprodução - Reprodução
A cantora Negra Li
Imagem: Reprodução

"A força que ela teve para enfrentar uma época predominantemente de homens na música e também o fato de viver em uma sociedade onde o racismo era considerado comum são uma fonte que bebi na minha carreira, sabendo me identificar como mulher e negra numa sociedade que ainda revela o machismo e o racismo no cotidiano", analisou Negra Li.

A brasileira, que chegou a registrar um cover de "Chains of Fools", sucesso de Aretha lançado em 1968, completou. "Aretha me fez entender que nada disso poderia me parar, ela mostrou que nossa voz é maior do que qualquer cor, raça ou gênero e que nada e nem ninguém poderá calar a nossa voz. Aretha foi e sempre será a eterna rainha representante da voz negra na história da música."

O soul perde sua rainha

Aretha Franklin, uma das artistas mais influentes da história e intérprete de sucessos como "Respect" (1967) ou "I Say a Little Prayer" (1968), morreu às 10h50 (de Brasília) desta quinta-feira (16), aos 76 anos, após uma longa batalha contra um câncer no pâncreas. De acordo com a agente da cantora, ela estava em sua casa, em Detroit, nos Estados Unidos, ao lado da família e de amigos.

"Em um dos momentos mais sombrios das nossas vidas, nós não encontramos palavras para expressar a dor nos nossos corações. Nós perdemos a matriarca e a rocha da nossa família. O amor que ela tinha pelos filhos, netos, sobrinhos, sobrinhas e primos não tinha paralelo", disse a família em um comunicado oficial. Os detalhes sobre o funeral serão divulgados nos próximos dias.

"Nós estamos profundamente tocados com a incrível demonstração de amor e apoio que recebemos dos amigos mais próximos e dos fãs de todo o mundo. Obrigado pela compaixão e pelas preces. Nós sentimos o amor de vocês pela Aretha e isso nos trouxe o conforto de saber que o seu legado sobreviverá. Nesse luto, pedimos respeito e privacidade nesse momento difícil", concluiu o comunicado.

Em uma de suas últimas apresentações, em novembro de 2017 em Nova York, ela já aparentava estar frágil e debilitada. Uma fonte próxima da cantora informou ao site "TMZ" que, nos últimos dias, ela estava pesando menos de 40 kg.

Logo após o anúncio da morte de Aretha, artistas de todo o mundo lamentaram a notícia e contaram como foram influenciados pela cantora. O brasileiro Gilberto Gil usou um dos maiores sucessos de Aretha para homenageá-la, postando no Twitter a frase "I say a little prayer for you". Já Cristina Aguilera agradeceu a cantora por sua "voz, música e alma".