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Cineasta preso passa de 1 mês em greve de fome e põe pressão em Putin durante a Copa

O cineasta ucraniano Oleg Sentsov, preso acusado de terrorismo - Sergei Venyavsky/AFP Photo
O cineasta ucraniano Oleg Sentsov, preso acusado de terrorismo Imagem: Sergei Venyavsky/AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

20/06/2018 09h24

Se em campo o clima é de alegria e competição, fora dele há um caso colocando uma nuvem sobre a Copa do Mundo de futebol, na Rússia. O cineasta ucraniano Oleg Sentsov já passou de um mês de greve de fome, de acordo com o jornal “Los Angeles Times”, após ser preso em 2014 por protestar contra a Rússia. O caso vem ganhando repercussão ainda maior por acontecer durante o Mundial, o que pode ter influência no seu desfecho.

Sentsov fez protestos contra a Rússia, acusando o país de realizar ataques terroristas na Crimeia, onde morava. Ele acabou sendo preso em sua casa, em maio de 2014, e foi acusado de ter coordenado um grupo de ativistas filiados ao movimento paramilitar ucraniano Pravy Sektor (Setor de Direita), que tinham por missão atingir as organizações pró-russas e as infraestruturas da península.

Quando o Mundial começou, na quinta-feira, Sentsov já tinha 32 dias de greve de fome, iniciada em 14 de maio. Na terça, completou 37 dias sem comer comidas sólidas, em uma prisão no norte da Sibéria. Com sua saúde debilitada e mais três presos também em greve de fome, o caso volta a chamar atenção de entidades internacionais.

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Sentsov se diz inocente e acusa o Kremlin de puni-lo por um protesto pacífico contra a Rússia anexar a Crimeia. Ele pede para que ele e 64 presos políticos sejam libertados.

Pressão em Putin

Em maio, o Departamento de Defesa dos EUA e o Parlamento Europeu condenaram a prisão de Sentsov. Na segunda-feira, os Estados Unidos voltaram a ligar para a Rússia, pedindo pela soltura imediata, assim como a de 150 prisioneiros políticos ou religiosos.

O cineasta Oleg Sentsov, de 39 anos, que dirigiu o longa "Gámer" em 2011 - Sergey Pivovarov/Reuters - Sergey Pivovarov/Reuters
O cineasta Oleg Sentsov, de 39 anos, que dirigiu o longa "Gámer" em 2011
Imagem: Sergey Pivovarov/Reuters

Artistas russos e de outros lugares do mundo vêm fazendo coro para defender o diretor ucraniano. Em uma carta a Putin, fez-se um apelo: “Caro Sr. Putin. Um homem está morrendo. Não acreditamos que ele tenha culpa para ficar 20 anos preso. Sua sinceridade e verdade em suas convicções e a greve de fome demonstram isso. Agora, é necessário mostrar piedade para salvar a vida deste homem”.

Putin afirma que o Kremlin não vai intervir em um problema da Justiça russa e disse que ele segue preso por acusações de terrorismo.

Durante a invasão da Crimeia pela Rússia, Sentsov estava entre os voluntários que levavam comida e mantimentos aos soldados ucranianos. Ele ajudou a organizar protestos. Conhecido por filmes como “Gámer”, o ucraniano afirmou no começo de seu julgamento que estava disposto a sofrer e morrer por suas crenças. “Não sou um perdedor e não vou implorar por piedade. Eu sabia o que estava acontecendo, e não me arrependo de nada”, disse Sentsov, em uma carta.