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Como uma conversa no elevador fez nascer o documentário "Wild Wild Country"

Osho é saudado por uma multidão em cena de "Wild Wild Country" - Reprodução
Osho é saudado por uma multidão em cena de "Wild Wild Country"
Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

01/06/2018 17h19

O documentário "Wild Wild Country" é uma das maiores pérolas do ano. Disponíveis da Netflix, os seis episódios mostram como a seita liderada pelo guru indiano Bhagwan Shree Rajneesh, que depois mudou o seu nome para Osho, construiu uma comunidade utópica que levou milhares de seguidores a uma cidadezinha de apenas 40 habitantes no estado do Oregon, nos Estados Unidos.

A chegada dos forasteiros e de seu excêntrico guru, que adorava joias e tinha uma coleção com dezenas de Rolls  Royce, acabou com a tranquilidade local e foi parar na Justiça. A incrível história que abalou os Estados Unidos na primeira metade da década 80 estava esquecida até o documentário dos irmãos Chapman e Maclain Way ir ao ar. E eles decidiram contar essa história, usando como base mais de 300 horas de gravação original, após uma simples conversa no elevador.

Os irmãos Way souberam do enredo de "Wild Wild Country" enquanto estavam fazendo um outro documentário no Oregon, "The Battered Bastards of Baseball". O filme conta a saga do Portland Mavericks, um time das ligas menores de beisebol dos Estados Unidos que pertencia ao ator Bing Russell, o avô dos diretores.

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"Nós passamos um tempão nos arquivos do Oregon enquanto estávamos fazendo "The Battered Bastards of Baseball". O arquivista-chefe da Sociedade Histórica do Oregon contou sobre essa coleção de 300 horas de filmagens nunca vistas, que descreveu como a "história mais bizarra que aconteceu no Oregon". Em uma conversa de elevador de 30 segundos ele nos falou sobre o guru e os seus seguidores que construíram uma comunidade utópica de US$ 100 milhões, tomaram a cidade, trouxeram de ônibus milhares de sem-tetos, armaram as pessoas e então tentaram tomar o governo envenenando 750 cidadãos", disse Chapman ao The Hollywood Reporter.

"Mac e eu ficamos nos olhando e pensando que isso não era verdade. Como tínhamos crescido na América e nunca tínhamos ouvido sobre essa história? Então começamos a pesquisar e tudo o que ele falou era verdade. Decidimos entrar no projeto", completou o diretor.

Segundo ele, foi fácil convencer os envolvidos a darem entrevistas. "Apenas abrimos um espaço para eles falarem as suas verdades, sem questionamentos, ou humilhações ou algum tipo de ideologia". Entretanto, nem todo mundo quis falar. Os irmãos Chapman lamentam que Swami Krishna Deva, primeiro prefeito de Rajneeshpuram (a cidade construída pelos seguidores de Osho), não tenha aceitado dar entrevista.