Por que os atores da Disney estão fora da lista dos mais bem pagos de Hollywood
No começo desta semana, um novo ranking da revista Variety indicou os maiores salários por filme dos astros de Hollywood. Apesar de indicar uma queda em relação aos anos 1990, os maiores salários seguem na casa das dezenas de milhões de dólares, a exemplo do líder, Daniel Craig, que receberá US$ 25 milhões para viver James Bond em mais um filme do agente 007.
Mas, um detalhe que chama a atenção é que ninguém entre os 20 maiores salários é do estúdio mais lucrativo: a Disney, dona dos dois filmes que superaram US$ 1 bilhão em bilheterias em 2018, "Pantera Negra" e "Vingadores: Guerra Infinita".
Mais do que apenas não ter seus atores no topo da lista, a Disney acaba sendo revolucionária em relação aos anos 1990. Se antes as grandes produtoras de cinema tinham como aposta os atores, o estúdio mostra que os personagens – que são detidos pela sua marca – é que importam para o público. E para os lucros.
O site "Business Insider" analisou o cenário e lembrou que há mais de duas décadas, um filme com astros como Will Smith, Julia Roberts, Jim Carrey, Tom Hanks e Tom Cruise batia facilmente na casa dos US$ 20 milhões em salários para esses atores e atrizes, acrescentando ainda participação na bilheteria.
Mas, o que se vê hoje em dia é que um personagem como os da saga Vingadores são maiores que os atores que os interpretam.
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Na última década, a Disney investiu pesado nas franquias de super-heróis, vendo crescer a importância do Universo Cinematográfico da Marvel e rejuvenescendo a saga de “Star Wars” após comprar a Lucasfilm. E isso trouxe como resultado uma primazia da propriedade intelectual, e não dos atores. O raciocínio é: se quem faz fama são os personagens, não é preciso pagar tanto aos atores.
Ainda que diversos atores recebam na casa dos milhões, está sendo mais trabalhoso aumentar as cifras.
Regras e exceções
É o caso, por exemplo, de Robert Downey Jr. De acordo com a "Business Insider", o ator aceitou receber US$ 2,5 milhões para ser Tony Stark no primeiro "Homem de Ferro", o que é considerado pouco para um ator que foi indicado a um Oscar. Ele recebeu menos que Terrence Howard, o Máquina de Combate, que faturou US$ 3,5 milhões no filme. Ambos receberam bônus de acordo com a bilheteria.
Com o sucesso de “Homem de Ferro” e a criação do Universo Cinematográfico da Marvel, Downey passou a ganhar mais e figurar no ranking da Forbes de atores mais bem pagos do ano, como em 2015, quando somou no ano US$ 80 milhões por suas atuações. Mas Downey se tornou uma exceção.
Emma Watson, como Downey no início, teve salário de US$ 3 milhões por “A Bela e a Fera”, com uma cláusula de aumento para US$ 15 milhões em caso de sucesso na bilheteria. Chris Evans levou US$ 1 milhão por “Capitão América: O Primeiro Vingador”. Chris Hemsworth, apenas US$ 150 mil pelo primeiro “Thor”. Os números são de Ben Fritz no livro "The Big Picture: The Fight for the Future of Movies”.
“Eu acho que as estrelas e seus empresários são realistas e sabem que os dias de se ganhar US$ 10 ou US$ 20 milhões estão praticamente acabados. Se eles querem permanecer relevantes, ajuda muito estar ligado a essas franquias. Além disso, isso melhora o currículo deles e ajuda a ganhar mais dinheiro em outros filmes, incluindo aí sequências e filmes derivados que a franquia produza”, explicou Fritz, à "Business Insider".
Participar de filmes assim recebendo menos em certo momento da carreira pode catapultar um ator a ganhos maiores, como Chris Pratt, que hoje recebe US$ 10 milhões para fazer “Jurassic World”, de acordo com a "Variety".
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