A distopia de "Handmaid's Tale" segue assustadora e fascinante na 2ª temporada
Quando estreou em 2017, “The Handmaid’s Tale” provocou uma mistura de choque, horror e fascinação com seu futuro distópico em que mulheres são pouco mais que objetos em um regime fundamentalista. Assustadoramente atual e embalada por uma história bem construída e um elenco afinado, ela se tornou a série mais comentada do ano e saiu consagrada do Emmy e do Globo de Ouro. E, agora, volta ainda mais perturbadora e angustiante, mantendo o nível técnico que conquistou elogios de público e crítica.
A tensão vem, literalmente, desde os primeiros minutos. A nova temporada, que estreou nos Estados Unidos na última quarta-feira (25), com dois episódios, se inicia como uma sequência impactante que constrói um senso real de perigo enquanto estabelece a perfeita alegoria da hierarquia de poder nesse universo: mulheres amordaçadas com um tipo de focinheira enquanto cachorros ferozes ladram incessantemente, em uma perversa inversão de papéis.
Essa cena em especial é uma pequena amostra do que está por vir. Indo além dos acontecimentos centrais do livro “O Conto da Aia”, de Margaret Atwood, o novo ano de “The Handmaid’s Tale” dedica-se mais a explorar os intrincados mecanismos que deram origem a Gilead, o Estado totalitário e teocrático que se ergueu sobre o que antes eram os Estados Unidos. Em relances que surgem em flashbacks dos dois primeiros episódios, fica claro que a mudança não aconteceu do dia para à noite e que as boas intenções também podem ser usadas para justificar o injustificável – o que talvez seja o componente mais incômodo da história.
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A série também encontra novas nuances para o drama da protagonista June (Elisabeth Moss) e daqueles que a cercam. Agora carregando um filho para o comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) e sua mulher, Serena Joy (Yvonne Strahovski), ela se encontra em uma situação de relativo privilégio. Como uma das poucas mulheres que conseguem engravidar em meio a uma crise global de fertilidade, ela se vê, pela primeira vez no novo regime, podendo exercer certo poder – mas se torna ao mesmo tempo um bem valioso a ser protegido a todo custo.
Paralelamente, Emily (Alexis Bledel) – a quem conhecemos como Ofglen na temporada anterior – conduz uma trama paralela em um novo cenário: as Colônias, um campo de trabalho forçado para onde são enviadas as ”não mulheres”, aquelas que não andam dentro das normas rígidas da teocracia. Lá, elas aguardam a morte certa enquanto são obrigadas a lidar com resíduos tóxicos.
Apesar do clima sombrio – ou talvez por conta dele –, a série é irresistível. A direção de arte e a fotografia da série constroem um universo extremamente realista com imagens belíssimas. E, mais uma vez, as atuações são impressionantes.
Elisabeth Moss segue sendo um dos maiores trunfos da trama. Sua interpretação cheia de expressividade torna June uma heroína muito humana, com quem é impossível não se identificar, mesmo que você questione suas decisões. Sem ela, “Handmaid’s” não teria o mesmo impacto.
Alexis Bledel também volta a se destacar, roubando a cena sempre que aparece – assim como Ann Dowd, na pele de Tia Lídia, uma das mulheres que agem como fiscais das aias.
Definitivamente, é uma série a se ver. Aqui no Brasil, o canal pago Paramount exibe a primeira temporada.
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