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Por que valeu a pena chegar cedo neste sábado ao Lollapalooza Brasil 2018

Público chega cedo ao segundo dia de Lollapalooza Brasil 2018 - Felipe Gabriel/UOL
Público chega cedo ao segundo dia de Lollapalooza Brasil 2018 Imagem: Felipe Gabriel/UOL

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

24/03/2018 17h44

Sabadão de Lollapalooza Brasil, segundo dia de festival no Autódromo de Interlagos de São Paulo, e veja quem voltou: o sol. Apesar do calor intenso, valeu a pena chegar mais cedo para acompanhar os bons shows que rolaram no início desta tarde.

Ventre

Banda Ventre - Jales Valquer/Fotoarena/Estadão Conteúdo - Jales Valquer/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Imagem: Jales Valquer/Fotoarena/Estadão Conteúdo

O power trio raivoso do Rio de Janeiro escolheu o Lollapalooza para marcar o último show da banda, que anunciou essa semana a pausa por tempo indeterminado. O som cru do Ventre se expandiu no poderoso sistema de som do Palco Ônix, marcando o peso da bateria comandada por Larissa Conforto, com viradas de mestre. A cozinha, completada com Hugo Noguchi no baixo, lembrou por alguns momentos um Wolfmother tupiniquim.

Já nas guitarras, Gabriel Ventura pintou e bordou --até se equilibrou no bumbo da batera-- com uma distorção suja e acordes dissonantes. Não houve troca de instrumentos ou enrolação: estava ali uma competente banda de rock se despedindo dos fãs que aguentaram o calor do sábado. "A gente vai dar uma pausa depois de conhecer o Brasilzão e somos muito gratos à música. Obrigado a todo mundo", agradeceu Larissa.

Jesuton

Jesuton - Mila Maluhy/Divulgação - Mila Maluhy/Divulgação
Imagem: Mila Maluhy/Divulgação

Filha de mãe jamaicana e pai nigeriano, Rachel Jesuton é inglesa e tem musicalidade desde do berço. Formada em música em Oxford, ela se encontrou no Brasil, onde veio fazer seu pé de meia cantando, nas ruas do Rio de Janeiro, canções de Adele, Amy Winehouse e outras divas do pop. Toda poderosa, a cantora subiu ao Palco Axe e lembrou de "Home", seu primeiro disco autoral, um mix de jazz com toques gentis de bossa nova. Mas a voz está longe da fragilidade esperada destes gêneros musicais.

Mesmo com pouco mais de cem pessoas acompanhando a apresentação, Jesuton cantou como se fosse headliner do Lolla, ora melancólica como Billie Holliday, ora desenvolta feito Tina Turner. A inglesa ainda prestou homenagem, em português perfeito, para Chorão, com uma versão de "Céu Azul" do Charlie Brown Jr. Por fim, Jesuton clamou uma oração conjunta para a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada na última semana. "Ela lutou para um país melhor, e Marielle vive!", disse a cantora antes de cantar "Amazing  Grace", uma canção religiosa britânica.

Liniker e os Caramelows

Liniker - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
Imagem: Mariana Pekin/UOL

Toda de branco e usando brincos coloridos, Liniker pisou pela primeira vez no Lollapalooza Brasil pregando: "Tem que ter respeito quando uma mulher negra e travesti sobe ao palco". O groove da banda que toca com a cantora fugiu da curva, como de costume, e colocou todos que acompanharam o Palco Ônix para dançar. Liniker rebolou, pulou, mexeu nos cabelos cheios e brincou com os fãs antes de cantar "Lava", a música que abre o segundo disco da carreira dela. No telão ao fundo, gravações estilizadas de bastidores da banda e da cantora completaram o espetáculo.

O show ainda contou com participação de Linn da Quebrada para cantar "Lina X", levando o público ao delírio. Um dos pontos altos foi durante "Zero", primeiro sucesso da cantora que alavancou sua carreira, em que uma falha técnica colocou os fãs para cantar os versos românticos da canção. A apresentação foi interrompida na metade por um problema técnico, deixando ainda um gostinho de quero mais.

Ego Kill Talent

Banda Ego Kill Talent - Ricardo Matsukawa/UOL - Ricardo Matsukawa/UOL
Imagem: Ricardo Matsukawa/UOL

Os seis amplificadores espalhados pelo palco e as camisetas pretas em pleno calor paulistano já sugeriam que vinha porrada por aí. E não deu outra. A banda calcada no hard rock provou que merece ter tocado no Rock in Rio do ano passado e aberto a turnê brasileira do Foo  Fighters com Queens of the Stone Age neste ano. O baterista Jean Dolabella ganhou experiência no Sepultura e agora carrega a percussão do Ego, castigando nas baquetas nas faixas "Sublimated" e "Still Here". Jonathan Correa segue um dos melhores vocalistas do rock nacional, sem desafinar ou perder o pique ao lado dos power chords de Niper Boaventura.

Participação especial? Teve, sim: nada menos que o skatista Bob Bunrquist, o maior medalhista do X Games, transformou o palco em uma pista improvisada -- e colocando o skate para solar feito uma guitarra. Muitos já se espremiam na frente do Palco Budweiser esperando o Pearl Jam, o headliner do dia, e ostentaram com orgulho o "chifrinho do metal" para a banda brasileira.

Tash Sultana

Tash Sultana - Mila Maluhy/Divulgação - Mila Maluhy/Divulgação
Imagem: Mila Maluhy/Divulgação

Apesar de esgotar shows pelo mundo, a australiana Tash Sultana tocou para um público ainda tímido no Palco Axe, mas surpreendeu os sortudos que estavam por lá. Comandando o palco sozinha, a artista de 21 anos surpreendeu com sua voz rasgada e doce, assim como a mistura de instrumentos que fazem o seu som. Tash arrasa em tudo o que toca: além da guitarra, com direito a solos, ela tocou flauta, teclado e trompete, sempre intercalando com vocais impecáveis.

O estilo da artista também chamou a atenção de quem assistia ao show. "Uma figura assim só podia ter saído da Austrália. Ou da Califórnia", comentou o carioca Thiago Alleyne sobre a cantora que tem fala tranquila, cabelos longos queimados de sol, dreadlock, piercing e pele bronzeada.

Anderson Paak & The Free Nationals

Anderson Paak - Deividi Correa/AgNews - Deividi Correa/AgNews
Imagem: Deividi Correa/AgNews

De Los Angeles direto para São Paulo pela primeira vez, o talentoso produtor e cantor reuniu junto com sua banda um bom público no Palco Budweiser, e não teve como não se contagiar com o show. Abrindo um sorriso de orelha a orelha, o músico juntou hip-hop, jazz, soul, R&B, rock e remixes em plena luz do dia.

Alucinado, o protagonista comandou a galera, indo de um lado e outro do palco, pedindo para todos pularem. E a ordem prontamente foi atendida, com os braços da galera para cima, seguindo a batida das músicas. O showman ainda passou boa parte do repertório na bateria, destruindo em ritmo e vocais. "Eu adoro quando vocês cantam", vibrou Anderson, que ainda arriscou na percussão um sambinha tímido.