Com show mais improvisado, Red Hot tira onda e toca até Jorge Ben
O Red Hot Chili Peppers pode até ser habitué do Brasil, mas o show que os californianos prepararam para encerrar a primeira noite do Lollapalooza, nesta sexta (23), não poderia ser mais diferente do que os brasileiros estão acostumados a ver.
Meses depois de se apresentar no Rock in Rio, em setembro passado, a banda brindou o público que lotou o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, cidade que visitou pela última vez há cinco anos, com uma apresentação calcada em improvisos e algumas surpresas.
Jorge Ben, brasileiro no palco e jams
Ainda no início do show, o guitarrista Josh Klinghoffer fez uma cover de “Menina Mulher da Pele Preta”, de Jorge Ben. A declaração de amor ao balanço brasileiro foi seguida por “Nevermind”, canção do segundo álbum “Freaky Styley”, não muito frequente nas apresentações.
Em seguida, outra surpresa: “Aeroplane”, da fase com Dave Navarro na guitarra, e que não deu as caras nos últimos shows no Brasil. Até “Pea”, canção obscura do mesmo disco, “One Hot Minute” (1995), foi lembrada brevemente por Flea. Para uma era em que só os hits importam, o Red Hot conseguiu a proeza de segurar o público — o maior do festival até agora — até o final.
Na onda nostálgica do funk, o brasileiro Mauro Refosco encorpou o som na percussão de "Hump De Bump" e no cover de “Higher Ground”, de Stevie Wonder, mas já eternizada no repertório do grupo.
Hits em outra frequência
O arsenal poderoso de hits não passou incólume. “Californication” e “Give it Away” ganharam versões com levada diferentes, entremeadas por jams. É como se os cinquentões, depois de tocarem os mesmos sucessos repetidas vezes, decidissem plugar seus instrumentos em outra frequência.
De resto, foi a química certeira de sempre: Flea plantou bananeira no palco — e chegou a chamar o público para “encontrar Deus” em uma igreja às 3h da manhã no centro —, Anthony Kieds correu de uma lado para outro, enquanto Chad Smith e Klinghoffer entravam em transe na bateria e guitarra, respectivamente. O público reconheceu e agradeceu.
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