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Com Iza, Rincon mostra a força do seu afro rap e saúda Marielle no Lolla

O rapper Rincon Sapiência no Lollapalooza 2018 - Mariana Pekin/UOL
O rapper Rincon Sapiência no Lollapalooza 2018
Imagem: Mariana Pekin/UOL

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

23/03/2018 15h35

A busca pela ancestralidade aponta para o futuro no som de Rincon Sapiência. O rapper  trouxe seu afro rap para o palco principal no primeiro dia de Lollapalooza Brasil, que neste ano começa na sexta-feira (23) no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, e agitou até mesmo quem esperava o rock do Royal Blood e Red Hot Chili  Peppers.

Com balanço e suingue que bebem direto na fonte na música africana, Rincon não abre mão das rimas sagazes e combativas que tecem comentários sobre a sociedade racista. O que sai das caixas é tão pesado quanto às atrações mais roqueiras, como em “Ostentação à Pobreza” e “Meu Bloco”.

Prova da força foi a aparição de Iza, cantora que bombou em 2017 com “Pesadão” ao trazer essas mesmas referências para o pop. Iza fez par com o rapper para apresentar a novíssima “Ginga”, lançada horas antes. Pela reação da plateia, a música já é hit.

“Se alguém disser que rap não tem nada a ver com o Lolla, eu digo...”, disse antes de mandar “Ponta de Lança”, hino à beleza e à arte negra. “Meu som é um produto para embelezar, como Jequiti, como Mary Kay”, canta.

Antes de mandar “Crime Bárbaro”, sobre a violenta revolta de um escravo que foge após matar o senhor de engenho, Rincon fez uma saudação à vereadora Marielle Franco, morta a tiros no Rio de Janeiro. “Marielle, presente!”, disse. O rosto da ativista apareceu no centro do telão ao fim da apresentação.

“Nós somos um país com alto índice de homicídio de negras. Isso precisa ser mudado”, pediu o rapper.