Ativistas cantam rap e funk e dizem que ocupação segue até saída de Sturm
Artistas e produtores fazem ato contra André Sturm em São Paulo; secretário municipal de Cultura saiu pelos fundos durante ocupação
Cerca de 200 ativistas da cultura (poetas, rappers, artistas plásticos, grafiteiros e produtores culturais, entre outros) fizeram um ato de protesto partido ao meio esta tarde na Avenida São João, na frente da Galeria Olido (onde funciona a Secretaria Municipal de Cultura), nesta quinta-feira (1).
A divisão se deu porque a Guarda Civil Metropolitana passou a controlar a entrada na secretaria, cujo saguão do 11º andar os artistas ocupam desde a tarde de quarta (31). Os policiais não permitiam nem a entrada de novos manifestantes nem da imprensa. Assim, os outros 200 que já estavam no interior do prédio não puderam se juntar aos outros na avenida.
Os manifestantes, que cantaram raps e funks, pediam o descongelamento de verbas da área cultural e a saída imediata de André Sturm, secretário da Cultura - que estava na sede da secretaria de Cultura quando houve a invasão do local, na tarde de ontem. Saiu escondido pelos fundos, segundo apurou a reportagem. Hoje, conforme informações da GCM, não regressou ao edifício.
O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) discursou e informou aos manifestantes que iria pedir uma moção de apoio de deputados da Assembléia Legislativa à causa dos ativistas. Giannazi declarou que a prática da gestão de João Dória (PSDB) na cultura municipal “serve ao desmonte” das estruturas de apoio à cultura e segue a mesma linha de seu padrinho político, Geraldo Alckmin (PSDB).
A invasão da Secretaria de Cultura começou como uma reação à declaração de André Sturm de que iria “quebrar a cara” de Gustavo Soares, agente cultural ligado à ação da Casa de Cultura Ermelino Matarazzo, durante audiência com os artistas. A declaração repercutiu mal e Sturm chegou a se desculpar publicamente, mas os grupos envolvidos na ocupação não acreditam em sua sinceridade nem em seus propósitos.
“Esperar que ele fique no cargo é esperar que ele vá agredir alguém”, ponderou Ana Fonseca, do Coletivo Perifatividade, que atua na Zona Sul de São Paulo. “Já que ele diz que os coletivos não têm legitimidade, nós também não achamos que ele tenha legitimidade”. O secretário foi chamado de “André Estrume” pelos ativistas. Muitos dos que estavam no 11º andar fotografavam lá de cima os colegas manifestantes que estavam na avenida.
O ato dos artistas na frente da Galeria Olido foi acompanhado de perto pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). Gabryella Dandara, da Frente Única de Cultura, foi barrada pela GCM ao tentar entrar no prédio da secretaria, assim como repórteres da "Folha de S.Paulo" e da "Carta Capital". Gabryella disse à reportagem que não há prazo para a desocupação da secretaria de Cultura, e que a meta é a demissão de André Sturm.
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