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Movimento Cultural: "Secretário André Sturm não tem equilíbrio para o cargo"

Secretário de Municipal de Cultura André Sturm, durante coletiva de imprensa sobre a nova gestão do Teatro Municipal, na prefeitura - Ricardo Bastos/Foto Arena/Estadão Conteúdo
Secretário de Municipal de Cultura André Sturm, durante coletiva de imprensa sobre a nova gestão do Teatro Municipal, na prefeitura Imagem: Ricardo Bastos/Foto Arena/Estadão Conteúdo

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

30/05/2017 17h54

O Movimento Cultural Ermelino Matarazzo se pronunciou após o Secretário Municipal de Cultura André Sturm se desculpar pela ameaça de “quebrar a cara” de um agente cultural na tarde de segunda-feira (29).

“Não aceitamos desrespeito para com o nosso trabalho e acreditamos que o Secretário André Sturm não tem o equilíbrio necessário para permanecer na posição que ocupa”, afirmou o coletivo em nota.

A intimidação aconteceu durante uma reunião na secretaria de Cultura entre Sturm e Gustavo Soares, membro do grupo que faz ocupação da Casa de Cultura do bairro desde setembro do ano passado. O espaço, o único centro cultural público do bairro, chegou a abrigar a sede da subprefeitura, mas estava ocioso nos últimos meses.

Movimento Cultural Ermelino Matarazzo ocupa a Casa de Cultura desde setembro do 2016 - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Movimento Cultural Ermelino Matarazzo ocupa a Casa de Cultura desde setembro do 2016
Imagem: Reprodução/Facebook
Durante a conversa sobre a gestão do espaço, Soares se posicionou contra a proposta da secretaria e ouviu de volta: "Vocês querem fazer esse discursinho babaca. A gente não tá conversando. Você é um chato, rapaz!" Ao ouvir que era “desequilibrado”, Sturm ameaçou: “Desequilibrado é você. Se falar assim vou quebrar sua cara. Isso mesmo, vou quebrar sua cara.” Soares registrou o boletim de ocorrência por ameaça após o incidente.

Em nota enviada ao UOL, Sturm afirmou que usou linguagem inadequada para a posição: “Por esta atitude peço desculpas ao rapaz e a todos os munícipes”. E se defendeu: “O coletivo não buscava formalizar a parceria. A intenção era apenas obter recursos públicos, sem prestação de contas. Nossa proposta sempre foi a de reconhecer a ação cultural que estava sendo feita, mas com responsabilidade, por se tratar de uma Casa de Cultura.”

Mais cedo, à "Folha de S.Paulo", o secretário disse que fora provocado. “O problema é que muitas pessoas não estão interessadas em dialogar, elas querem brigar. Aí eu caí na armadilha, perdi a linha, fiquei nervoso. Eu deveria ter mantido a calma.”

Prestação de contas

O coletivo afirma que a fala de Sturm “é falsa e tem por objetivo desviar o foco de suas atitudes autoritárias e falas incompatíveis com o cargo que exerce”, diz a nota. “O Movimento prestou contas de todos os recursos públicos repassados pela Secretaria Municipal de Cultura, comprovando a devida utilização nos fins que a se destinavam, isso é, em atividades culturais desenvolvidas no espaço.”

Elas afirmam ainda que a proposta era de que o Movimento exercesse trabalho voluntário, sem contrapartida financeira. “O secretário chegou até a afirmar: ‘A gente quer usar vocês’. Foi para essa proposta que o Movimento disse não, por entender que é necessário valorizar o trabalho dos agentes culturais periféricos, que não são moleques, como afirmou o secretário, mas realizam um trabalho sério e extremamente necessário no território”.

Sobre como as negociações continuarão a partir do incidente, Sturm apenas reforçou “o compromisso de permanecer aberto ao diálogo com todos os segmentos artísticos e agentes culturais da cidade.”

Gustavo Soares, do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, não respondeu à reportagem.

O áudio da discussão foi divulgado na íntegra pelo coletivo: