Sob forte chuva e sem divulgação, Viradinha em Interlagos não funciona
A intenção da Viradinha Cultural em Interlagos foi boa. Juntar pais e crianças em um domingo para curtir shows, oficinas e brincadeiras em um espaço pensado especialmente para eles. Faltou convidar as famílias para participarem da festa bonita e organizada. Não bastasse o frio e a chuva, a falta de divulgação deixou o evento bastante esvaziado e só os muito corajosos ficaram até o final para ver o encerramento com show de MC Gui debaixo de uma forte chuva.
"Quem ficar doente eu ajudo pelo menos a pagar o remédio" disse MC Gui assim que abriu o show, às 15h20, ciente da coragem das menos de 100 pessoas que enfrentaram o temporal sem guarda-chuva só para ver o funkeiro que acaba de completar 19 anos. "Tenho mais três shows ainda hoje, vocês são meu maior presente", fez questão de destacar o cantor que fez aniversário na sexta-feira.
Com um repertório bastante diferente dos outros grupos que passaram pelo evento desde 9h da manhã, MC Gui levou a catuaba para dentro do autódromo pelo menos nas letras de música. Ele cantou o funk do momento, "Vai Embrazando", que celebra a bebida alcoólica, proibida no evento.
O álcool era um dos itens que os guardas municipais que fizeram a segurança e a revista na entrada principal buscavam nas bolsas e mochilas. O guarda-chuva era o outro item proibido, para desespero dos pais e avós que buscavam um abrigo no descampado autódromo enquanto os filhos e netos curtiam o funk de MC Gui.
Mesmo cantando para menos de um décimo da multidão que costuma reunir, Gui fez o show mais cheio da Viradinha, que durou apenas 40 minutos. Os artistas que se apresentaram antes dele e também em uma tenda secundária tiveram de se contentar com uma dezena de pessoas assistindo a suas performances, ou até menos.
Muita estrutura para pouco público
O número de funcionários da prefeitura destacados para fazer a limpeza do local impressionava. Em alguns momentos eles pareciam até mais volumosos do que o público total que compareceu ao evento.
A Guarda Civil Metropolitana também esteve presente com um efetivo grande, além de bombeiros e seguranças terceirizados.
Os monitores, mágicos e artistas escalados para as intervenções e oficinas conseguiam dar atenção individual às crianças presentes e às vezes brincavam até entre si na falta de pequenos.
Vizinhos do Autódromo aprovam
Quando a chuva realmente apertou, às 13h50, os brinquedos infláveis do parque a céu aberto foram desmontados. A garoa se transformou em temporal e não deu mais trégua.
Foi neste momento que a família de Juliana Abreu resolveu ir embora de Interlagos. Ela foi ao mini festival dentro da Virada com os dois filhos, de 3 e 8 anos, o marido, a mãe e uma amiga que mora na rua atrás do Autódromo.
"Aprovei a Virada aqui perto de casa, está tudo muito bom. Pena que está chovendo e vou ter que levar as crianças embora", declarou Juliana, que trabalha para um dos braços do Bradesco, banco que investiu R$ 2 milhões no evento. A família foi a Interlagos especialmente para o show gospel de Filipe Lancaster, aprovado por todos os presentes. "Todo o evento está muito bonito."
Enquanto alguns fugiam da chuva, grupos de adolescente e outras famílias chegavam só para o show de encerramento.
"MC Chuva", gritava em tom de brincadeira Sérgio Gomes enquanto aguardava o show de MC Gui na grade do palco acompanhando a filha de 8 anos, Lohanny, fã do cantor.
A mãe da menina, Lidiane de Jesus Souza, conta que a família partiu de Carapicuiba em caravana para ver Gui depois que souberam do show pela TV, horas antes.
No mesmo grupo ainda estavam Jeniffer dos Santos Gomes, filha mais velha de Sergio, e sua filhinha Kayllany, de 3 anos, que parecia mais interessada nos carros da corrida que dividia o espaço de Interlagos com Viradinha do que no show.
Apesar da chuva forte, a família estava feliz por poder ver um show de um artista famoso e perto de casa, o que não acontece com tanta frequência.
Acertos e erros
A maior parte do público abordado pela reportagem morava no entorno do Autódromo ou bairros próximos da zona sul. Os poucos que aproveitaram a Viradinha usaram carro, ônibus, CPTM ou as próprias pernas como meio de transporte. Alguns grupos também vieram da região metropolitana de São Paulo, de cidades como Osasco e Carapicuíba.
Apesar de ter mirado é atraído o público certo, a Viradinha Cultural se mostrou despreparada para um plano B em caso de chuva, como aconteceu. Os poucos guarda-sóis em frente à tenda secundária e os guarda-chuvinhas decorativos das áreas de oficina não serviram para abrigar quem estivesse disposto a se divertir mesmo sob chuva.
Outro erro foi promover o evento na mesma data de uma corrida. Por mais que o local dedicado às crianças estivesse bem separado fisicamente da pista, o barulho ensurdecedor dos motores tirava a graça e a atenção das atrações ali presentes. Uma surpresa que pode até ter agradado alguns presentes que não tiravam o olho da pista, mas que desagradou e muito os artistas que acabaram desrespeitados e quem estava ali a fim de ouvir música e boas histórias.
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