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Antonio Candido, um dos maiores críticos literários do país, morre aos 98

Do UOL, em São Paulo

12/05/2017 09h49Atualizada em 12/05/2017 14h01

Morreu na madrugada desta sexta-feira (12), aos 98 anos, Antonio Candido de Mello e Souza, um dos maiores críticos literários do país, autor de obras fundamentais de crítica como "Formação da Literatura Brasileira (Momentos Decisivos)", de 1959, e estudos sociológicos clássicos, como "Os Parceiros do Rio Bonito" (1964), sobre o caipira paulista e sua transformação.

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de São Paulo), que recebeu a notícia da filha do escritor. O velório será realizado hoje das 9h às 17h, no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, em São Paulo.

Aposentado em 1978 da cadeira de professor titular de teoria literária e literatura comparada da USP, Candido era professor-emérito da USP e da UNESP, e doutor honoris causa da Unicamp.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Antonio Candido, que ao lado de outros intelectuais, como Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), participou da fundação do PT, em 1980.

"Não foi apenas fundador do PT, foi militante cotidiano do partido, um petista sempre presente no bom combate em defesa do desenvolvimento nacional. Participou da elaboração de programas de governo, viajou o país e teve uma importantíssima atuação a favor da transformação social e do direito dos trabalhadores", destacou Lula.

Em luto, a FFLCH-USP suspendeu as aulas nesta sexta-feira.

Trajetória

Nascido no Rio de Janeiro em 1918, Candido ingressou em 1939 no curso de direito da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, graduação que abandonaria no quinto ano, e de ciências sociais e filosofia da USP, que concluiu em 1942.

Em 1941, estreou como crítico literário na revista "Clima", fundada por ele ao lado de nomes como crítico de teatro Décio de Almeida Prado (1917-2000), o crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977), e a ensaísta Gilda de Mello e Souza (1919-2005).

Em 1942, mesmo ano em que concluiu o curso de filosofia, tornou-se professor assistente de sociologia na FFLCH-USP.

No período em que lecionava literatura brasileira na Faculdade de Filosofia de Assis (SP), lançou sua obra mais influente: "Formação da Literatura Brasileira" (1959), na qual estudava os momentos decisivos da formação do sistema literário nacional.

Em 1964, publicou outra obra de impacto, "Os Parceiros do Rio Bonito", um ensaio sociológico sobre o caipira paulista, fruto de sua pesquisa de doutorado.

De volta à USP em 1961, de onde se aposentaria em 1978, Candido também teve passagens pelas universidades de Paris (1964-1966) e Yale (1968). Após a aposentadoria, continuou ligado às atividades da universidade paulista, principalmente na orientação de trabalhos acadêmicos.

Entre os prêmios que recebeu estão o Camões, em 1998, e o Prêmio Internacional Alfonso Reyes, no México, em 2005.

Candido foi casado com Gilda de Mello e Souza, professora de Estética no Departamento de Filosofia da FFLCH-USP, que morreu em 2005.

Principais obras:

  • "Introdução ao Método Crítico de Sílvio Romero" (1945)
  • "Ficção e Confissão: Estudo sobre a Obra de Graciliano Ramos" (1956)
  • "Formação da Literatura Brasileira: Momentos Decisivos" (1959)
  • "Tese e Antítese: Ensaios" (1964)
  • "Os Parceiros do Rio Bonito: Estudo sobre o Caipira Paulista e a Transformação dos seus Meios de Vida" (1964)
  • "Literatura e Sociedade: Estudos de Teoria e História Literária" (1965)
  • "A Educação pela Noite e Outros Ensaios" (1987)
  • "O Discurso e a Cidade" (1993)
  • "O Romantismo no Brasil" (2002)
  • "Um Funcionário da Monarquia: Ensaio sobre o Segundo Escalão" (2002)