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Com novas regras, musicais em cartaz não teriam direito a Lei Rouanet

"Les Misérables", em cartaz em São Paulo, foi autorizado a captar R$ 14 milhões via Lei Rouanet Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

21/03/2017 17h10

Com as novas regras da Lei Rouanet, alguns musicais em cartaz, como “Les Misérables” e “O Homem de La Mancha”, teriam que reduzir seus orçamentos ou abrir mão deste mecanismo de incentivo à cultura. A lei de incentivo permite a captação de verbas para projetos culturais por meio de incentivos fiscais para empresas e pessoas físicas. 

As mudanças na aplicação da foram anunciadas nesta terça-feira (21) pelo ministro da Cultura Roberto Freire e determinam um novo teto para cada projeto: R$ 10 milhões para empresas maiores e R$ 700 mil para pessoas físicas e microempreendedores. No total, cada empresa proponente pode captar ao mesmo tempo R$ 40 milhões, somando todos os projetos.

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Neste novo cenário, as empresas produtoras de grandes musicais devem ser as maiores afetadas pelos novos limites, já que os valores autorizados pelo MinC para espetáculos do tipo frequentemente ultrapassavam R$ 10 milhões.

“Les Misérables”, baseado na obra de Victor Hugo, teve R$ 14 milhões aprovados para ser captado pela lei, enquanto o premiado “O Homem de La Mancha” teve o direito de captar R$ 11 milhões para a turnê fora de São Paulo.

Procurada pelo UOL, a T4F, que produz “Les Misérables”, afirmou que não vai se pronunciar sobre a mudança na lei. O Atelier de Cultura, responsável por “O Homem de La Mancha”, apenas reafirmou que nada muda para os projetos já inscritos.

Além do limite para a captação, as novas regras determinam R$ 150 como valor médio por ingresso. Antes o valor limite era de R$ 200.

Por exemplo: o ingresso para uma peça de teatro ou para um festival de música pode até custar mais caro que o valor estipulado, desde que a média de todas as categorias de ingressos – considerando as meias-entradas – não ultrapasse R$ 150.

Veja alguns projetos que não se enquadrariam nas novas regras, se fossem propostos a partir de agora:

Les Misérables

Baseado no clássico de Victor Hugo, o musical em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo, solicitou R$ 21 milhões e teve R$ 14 milhões aprovados.

Wicked

A versão de “O Mágico de Oz” fez sucesso no Brasil e captou quase integralmente o valor solicitado de R$ 18 milhões durante sua temporada

Ensaio do musical "Wicked", no teatro Renault, em São Paulo Imagem: Emiliano Capozoli/UOL

Annie

Com direção e versão de Miguel Falabella, o musical está previsto para o primeiro semestre de 2017 e teve seu orçamento aprovado em R$ 12 milhões, o que não o enquadraria nas novas regras

"Annie" na versão americana Imagem: Divulgação

O Homem de La Mancha

Vencedor do Prêmio APCA de Melhor Peça Teatral 2014, o espetáculo dirigido por Miguel Falabella está em cartaz em São Paulo e teve o valor de R$ 11 milhões aprovados para a turnê no Rio de Janeiro e outras sete cidades brasileiras

Cena de "O Homem De La Mancha", versão e direção de Miguel Falabella Imagem: João Caldas/Divulgação

Rock in Rio 2015

O principal festival de música do país entrou na polêmica antes mesmo das novas regras. Em 2015, a organização do evento conseguiu aprovação de R$ 18 milhões e já havia captado R$ 4 milhões quando anunciou a entrada mais cara do que o valor estipulado no projeto enviado ao Ministério: R$ 320 a inteira e R$ 160 a meia-entrada – o que por si só já não enquadraria o evento nas novas regras. Com a polêmica, o festival devolveu o valor, que foi reaproveitado pelo Fundo Nacional de Cultura. Para a edição deste ano, o Rock in Rio não se inscreveu na Lei
Rouanet.

Público lota o palco Mundo para o show de Rihanna no Rock in Rio 2015 Imagem: Marco Antonio Teixeira/UOL

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